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mbora a Bíblia não seja um livro didático de metodologia de pesquisa, ela estabelece uma base que pode nos permitir realizar pesquisas a partir de um quadro de referência bíblico. As Escrituras não apenas fornecem exemplos de indivíduos que se envolveram em atividades básicas de pesquisa, mas também descrevem elementos-chave encontrados em vários tipos de pesquisa, destacando vários princípios da pesquisa.

A pesquisa é uma investigação sistemática e proposital que busca avançar o conhecimento e a compreensão. Embora historicamente vista na academia quase exclusivamente como uma função do ensino superior, a pesquisa tem sido defendida mais recentemente como relevante e necessária para estudantes de todos os níveis1 a fim de ajudá-los a entender e experimentar elementos essenciais da investigação científica. 

Essa visão é particularmente apropriada para a educação adventista do sétimo dia. Ellen White, que escreveu prolificamente sobre o tópico da educação adventista, afirmou amplamente: “Em vez de limitar o seu estudo ao que os homens têm dito ou escrito, sejam os estudantes encaminhados às fontes da verdade, aos vastos campos abertos a pesquisas na natureza e na revelação.”2

Exemplos de pesquisa

Em toda a Bíblia, várias entidades são descritas como envolvidas em pesquisas. O Espírito Santo, por exemplo, conduz uma investigação aprofundada. Já que o Espírito, como membro da Trindade, certamente tem conhecimento de todas as coisas,3 Paulo também escreveu: “mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito. O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus” (1Co 2:10, NVI).4 Embora não esteja totalmente claro por que um ser onisciente se envolveria em investigação, talvez o exame de todas as coisas pelo Espírito Santo tenha mais a ver com a maneira mais eficaz de transmitir aspectos desse conhecimento profundo a outras pessoas, o que por si só é uma fase importante do processo de pesquisa.

O Antigo Testamento também menciona seres humanos realizando ou defendendo atividades de pesquisa. O patriarca Jó declarou: “Dos necessitados era pai e até as causas dos desconhecidos eu examinava” (Jó 29:16, ARA).5 Aparentemente, a capacidade de Jó de responder adequadamente às necessidades dos outros se baseava em uma investigação, buscando conhecer e entender os fatos de cada caso.

Ao pensar “nos dias de outrora”, Davi declarou: “De noite indago o meu íntimo, e o meu espírito perscruta” (Sl 77:5-6, ARA). Parece que Davi indica que, no processo de fazer uma investigação, ele revisou o conhecimento existente, incluindo talvez sua própria experiência anterior, em um esforço para entender as situações da vida. Influenciado talvez por seu pai, Salomão manteve a investigação em alta consideração, declarando que “a glória dos reis é esquadrinhá-las (as coisas)” (Pv 25:2). Além disso, Salomão conduziu sua própria pesquisa, afirmando: “dediquei-me a aprender, a investigar, a buscar a sabedoria e a razão de ser das coisas” (Ec 7:25).

Talvez fosse de esperar que um profeta, por haver recebido um canal direto da verdade divina, não necessitasse do rigor da pesquisa. O apóstolo Pedro, no entanto, ressaltou: “Foi a respeito dessa salvação que os profetas que falaram da graça destinada a vocês investigaram e examinaram” (1Pe 1:10). O profeta Daniel é um exemplo disso. Quando ele recebeu uma visão indicando: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado”, Daniel ficou perplexo com o significado desse período. “Fiquei assustado com a visão”, relatou. “Estava além da compreensão humana” (Dn 8:14, 27). Em um esforço para resolver o mistério, Daniel procurou documentos históricos. Ele então relatou: “eu, Daniel, compreendi pelas Escrituras, conforme a palavra do Senhor dada ao profeta Jeremias, que a desolação de Jerusalém iria durar setenta anos” (Dn 9:2, ARA).

Os cristãos, de maneira mais ampla, devem participar da coleta de dados, análise cuidadosa e formulação de conclusões sólidas. “Examinai tudo”, escreve Paulo, e “retende o bem” (1Ts 5:21, ARA). Isso se harmoniza com o objetivo principal da pesquisa: discernir o que é apropriado e de valor, distinguir a verdade do erro.

No Novo Testamento, os crentes em Tessalônica ouviram Paulo e prontamente concordaram com o que ele ensinou. Em Bereia, no entanto, os seguidores de Cristo não simplesmente aceitaram as questões pelo seu significado aparente, mas testaram os ensinamentos de Paulo comparando com o padrão das Escrituras existentes, uma comparação de novos dados com o conhecimento prévio. O autor de Atos considerou essa abordagem louvável, observando: “Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo” (At 17:11).

Os cristãos, de maneira mais ampla, devem participar da coleta de dados, análise cuidadosa e formulação de conclusões sólidas. “Examinai tudo”, escreve Paulo, e “retende o bem” (1Ts 5:21, ARA).6 Isso se harmoniza com o objetivo principal da pesquisa: discernir o que é apropriado e de valor, distinguir a verdade do erro.

Tipos de pesquisa

Além dos casos de indivíduos envolvidos em atividades relacionadas à pesquisa, a Bíblia documenta várias abordagens à pesquisa, incluindo aspectos de metodologias históricas, descritivas, as quase-experimentais e as qualitativas.

A abordagem histórica. No cânone bíblico, o evangelho de Lucas e o livro de Atos parecem ter sido o resultado de uma investigação histórica. Esse conjunto de dois volumes foi escrito por um médico, Lucas, e apresentado a um indivíduo referido como “ó excelentíssimo Teófilo” (Lc 1:3; At 1:1, ARA), provavelmente uma pessoa que ocupava uma posição de destaque na sociedade romana.7 Em sua introdução ao primeiro volume, Lucas observou que “muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares”. Ele então acrescentou: “igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído” (Lc 1:1-4, ARA). Observe que, nessas declarações, Lucas destaca o uso de fontes primárias e a apresentação organizada das descobertas.

Já que Salomão tinha interesses amplos, incluindo “plantas, desde o cedro do Líbano até o hissopo que brota nos muros”, bem como “também discorreu sobre os quadrúpedes, as aves, os animais que se movem rente ao chão e os peixes” (1 Re 4:33), uma porção dos seus 3 mil provérbios (v. 32) pode ter resultado de pesquisas históricas. Em Eclesiastes observa-se: “Além de ser sábio, o mestre também ensinou conhecimento ao povo. Ele escutou, examinou e colecionou muitos provérbios” (Ec 12:9).8

No Novo Testamento, o escritor do livro de Hebreus parece ter conduzido uma revisão da história do Antigo Testamento. No capítulo 11, começando com Abel, o autor apresenta uma análise de casos múltiplos ao longo da vida de dez indivíduos, concluindo que a fé era um tema recorrente na experiência de cada pessoa (Hb 11:39).9

A abordagem descritiva. A Bíblia documenta uma abordagem descritiva da investigação. Quando Moisés enviou representantes das 12 tribos para vasculhar a terra de Canaã, ele os instruiu: “Subam pelo Neguebe e prossigam até a região montanhosa. Vejam como é a terra” (Nm 13:17, 18). Essa afirmação pode ser vista como definindo as delimitações e o objetivo do estudo.

Então Moisés instruiu essas pessoas a descobrir “se o povo que vive lá é forte ou fraco, se são muitos ou poucos; se a terra em que habitam é boa ou ruim; se as cidades em que vivem são cidades sem muros ou fortificadas; se o solo é fértil ou pobre; se existe ali floresta ou não” (Nm 13:18-20). Esses aspectos, as características dos habitantes, cidades, terras e vegetação foram as facetas ou variáveis do estudo.

Moisés concluiu sua atribuição aos espias, solicitando que os responsáveis pelo estudo coletassem uma amostra: “tragam alguns frutos da terra. Era a época do início da colheita das uvas” (v. 20). Em suma, essa é uma abordagem bem projetada para a pesquisa descritiva. Aliás, como ilustrado em mais detalhes neste caso, os dados também devem ser interpretados. Como evidenciado no relatório da equipe, vários pesquisadores podem revisar os mesmos dados e, ainda assim, chegar a conclusões bem diferentes, dependendo de suas suposições e visão de mundo (ver Nm 13:26-33).

A abordagem quase-experimental. O livro de Daniel apresenta o que pode ser um dos primeiros exemplos de uma abordagem quase-experimental de pesquisa, um projeto pós-teste de fator único.10

Quando confrontados com o regime alimentar de Nabucodonosor, Daniel e três colegas da Universidade Real da Babilônia propuseram um estudo comparativo. Primeiro, eles estabeleceram o protocolo de pesquisa: “Peço-lhe que faça uma experiência com os seus servos durante dez dias: Não nos dê nada além de vegetais para comer e água para beber. Depois compare a nossa aparência com a dos jovens que comem a comida do rei, e trate os seus servos de acordo com o que você concluir” (Dn 1:12, 13). A variável independente foi o tipo de dieta, com dois níveis: comida simples versus comida real. Daniel e seus três amigos formaram o grupo experimental, enquanto os “outros jovens” formaram o grupo de controle. O teste foi o ponto de diferença. Como resultado do estudo, houve descobertas e conclusões (ver Dn 1:14-16).

A propósito, o estudo parece ter incluído um componente longitudinal. Três anos depois, quando os alunos fizeram seu exame abrangente, Daniel e seus três amigos foram considerados 10 vezes mais sábios que os magos do reino (Dn 1:20), um grupo, aliás, que incluía seus instrutores.

A abordagem qualitativa. Além de exemplos de pesquisa histórica, descritiva e quase-experimental, a Bíblia também apresenta exemplos de investigação naturalista. Lucas, por exemplo, tornou-se um observador participante nas jornadas missionárias de Paulo, relatando eventos que ele experimentou. Observe a transição para a primeira pessoa que começa em Troas até Filipos e, depois de vários anos, de Filipos em diante até Roma (ver At 16:10-40; At 20:6 em diante).11

Casos de observação direta podem ser encontrados na verificação de Pedro e João da tumba onde Jesus havia sido enterrado (Jo 20:1-8), na observação de Gideão sobre o velo de lã úmido e seco (Jz 6:36-40) e na inspeção noturna de Neemias das ruínas de Jerusalém, através das quais ele confirmou os dados da entrevista (Ne 1:2, 3; 2:11-17). Nos Seus dias, Jesus observou que as pessoas faziam previsões baseadas em observações qualitativas dos fenômenos naturais, mas não estavam aplicando um processo semelhante aos “sinais dos tempos” (Mt 16:2-4).12

Como foi observado, os bereanos validaram o que ouviram com a análise de documentos (At 17:11). Essa verificação cruzada de fontes de dados se encaixa bem na injunção bíblica de que um assunto é estabelecido com evidências de duas ou três testemunhas.13 Até mesmo o testemunho dos apóstolos se baseava na triangulação do que eles haviam visto e ouvido (At 4:20).

Princípios de pesquisa

Além de referenciar várias abordagens, a Bíblia destaca os principais conceitos da pesquisa. Estes incluem os seguintes princípios, entre outros:

A pesquisa está vinculada à descoberta. Jesus falou desse relacionamento quando disse: “Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão” (Mt 7:7). Embora o espírito de curiosidade seja uma característica essencial da investigação,14 o próprio processo de investigação exige um investimento de esforço pessoal. Salomão comentou: “se procurar a sabedoria como se procura a prata e buscá-la como quem busca um tesouro escondido, então você [...] achará o conhecimento de Deus” (Pv 2:4, 5).

A pesquisa baseia-se em conhecimentos prévios. Bildade, o suíta, por exemplo, aconselhou: “Pergunte às gerações anteriores e veja o que os seus pais aprenderam” (Jó 8:8). Em uma linha semelhante, Paulo escreveu: “Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar” (Rm 15:4).15

A pesquisa encontra limitações. Há questões que transcendem a capacidade de pesquisa. No livro de Jó pergunta-se: “Você consegue perscrutar os mistérios de Deus? Pode sondar os limites do Todo-poderoso?” (Jó 11:7; ver também Dt 29:29). O próprio Deus nos lembra: “Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos [...] Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos” (Is 55:8, 9). Parte do problema é que “vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho” e sabemos apenas “em parte” (1Co 13:12). Além desses fatores limitantes, no entanto, existem questões simples que “olho nenhum viu [...] ouvido nenhum ouviu [...] mente nenhuma imaginou” (1Co 2: 9), perguntas que até os melhores projetos podem falhar em responder.

O profeta Daniel, ao examinar o amplo escopo da história, foi informado por um anjo de que um aumento no conhecimento seria uma característica definidora do “tempo do fim” (Dn 12:4), sugerindo um aumento nas pesquisas nos tempos em que vivemos.

A pesquisa pode informar a tomada de decisão e orientar a prática. Quando Davi precisou identificar pessoal qualificado, “fez-se uma busca nos registros, e entre os descendentes de Hebrom encontraram-se homens capazes em Jazar de Gileade [...] que o rei Davi encarregou de todas as questões pertinentes a Deus e aos negócios do rei nas tribos de Rúben e de Gade, e na metade da tribo de Manassés” (1Cr 26:31-32). Em outro exemplo, Moisés alertou que, se ao entrar em Canaã, houvesse rumores de que alguns dos israelitas começaram a adorar deuses pagãos, a pesquisa deveria preceder a ação: “Inquirirás, investigarás e, com diligência, perguntarás” (Dt 13:14, 15, ARA). A ação só deveria ser tomada se o relatório fosse considerado verdadeiro.16

Finalmente, parece que a pesquisa é uma diretriz divina.17 Jesus afirmou que todo “mestre da lei instruído quanto ao Reino dos céus” deve ser como “o dono de uma casa que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas” (Mt 13:52). Embora tudo o que procede do armazém (depósito) seja de valor, parte do tesouro deve ser um conhecimento novo, talvez resultado de pesquisas. Salomão também sugere que a pesquisa carrega um endosso divino. Depois de declarar: “Apliquei o coração a esquadrinhar e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu”, acrescentou Salomão: “este enfadonho trabalho impôs Deus aos filhos dos homens, para nele os afligir” (Ec 1:13, ARA). Dito talvez de outra maneira, Deus nos deu a difícil tarefa de pesquisar, com a intenção de que nos envolvamos ativamente nessa tarefa.

Conclusão

Examinamos brevemente alguns casos, abordagens e princípios de pesquisa que encontramos nas Escrituras. O profeta Daniel, ao examinar o amplo escopo da história, foi informado por um anjo de que um aumento no conhecimento seria uma característica definidora do “tempo do fim” (Dn 12:4), sugerindo um aumento nas pesquisas nos tempos em que vivemos.

Dado o papel da pesquisa na sociedade contemporânea e na prática educacional, ligada à perspectiva de que todas as atividades devem ser realizadas com base em uma moldura de referência cristã (1Co 10:31; Cl 3:17), um exame da pesquisa a partir da perspectiva das Escrituras talvez sirva como ponto de partida para permitir que os alunos vejam a pesquisa como uma ferramenta valiosa para descobrir a verdade de Deus. Ou, para resumir o conceito fundamental, nas palavras de Ellen White: “Para entender a verdade de Deus, há necessidade de pesquisas profundas.”18


Este artigo foi revisado por pares.

John Wesley Taylor V

John Wesley Taylor V, PhD, EdD, é diretor associado de Educação da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, Silver Spring, Maryland, Estados Unidos. Ele dirigiu estudos de pesquisa, ministrou cursos de pesquisa e presidiu defesas de teses e dissertações em vários continentes. Pode ser contatado em [email protected].

Citação recomendada:

John Wesley Taylor V, “Uma perspectiva bíblica para a pesquisa,” Revista Educação Adventista 81:3 (July–September, 2019). Disponível em https://www.journalofadventisteducation.org/pt/2019.81.3.2.

NOTAS E REFERÊNCIAS

  1. Ver, por exemplo: Pamela Fraser-Abder, Teaching Emerging Scientists: Fostering Scientific Inquiry with Diverse Learners in Grades K-2 (New York: Pearson, 2010); Douglas Llewellyn, Inquire Within: Implementing Inquiry-based Science Standards in Grades 3-8 (Thousand Oaks, Calif.: Sage Publications, 2014); Id., Teaching High School Science through Inquiry and Argumentation (Thousand Oaks, Calif.: Sage Publications, 2012); National Research Council, A Framework for K–12 Science Education: Practices, Crosscutting Concepts, and Core Ideas (Washington, D.C.: National Academy Press, 2012).
  2. Ellen G. White, Educação (Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP, 2003), p. 17.
  3. Ver, por exemplo, Jó 21:22; Salmos 139; 147:4, 5; Isaías 40:13, 14, 28; Atos 15:18; Romanos 11:33; Hebreus 4:13; 1 João 3:20.
  4. A Bíblia Sagrada, versão Nova Versão Internacional (NVI). A menos que sejam especificadas, todas as citações bíblicas deste artigo são da NVI.
  5. A Bíblia Sagrada, versão Almeida Revista e Atualizada (ARA).
  6. Note-se que Paulo não afirma que devemos engolir tudo, mas que todas as coisas devem ser examinadas. No domínio físico, por exemplo, a boa qualidade de algumas coisas pode ser predeterminada pela visão ou pelo cheiro. O conceito-chave parece ser que, embora todas as coisas devam ser sujeitas a análise, nem tudo o que examinamos precisa ser assimilado.
  7. Lucas registra o uso de Paulo da frase “mais excelente” quando se dirige aos governadores romanos, Félix e Festo. Ver Atos 24: 3 e 26:25.
  8. Ver também Eclesiastes 1:10, onde o autor declara: “Haverá algo de que se possa dizer: ‘Veja! Isto é novo!’? Não! Já existiu há muito tempo, bem antes da nossa época”.
  9. Outros exemplos de pesquisa histórica incluem a descoberta do livro da lei perdido durante o reinado de Josias (2Re 22, 23; 2Cr 34), bem como a injunção dos sacerdotes a Nicodemos: “Verifique, e descobrirá que da Galileia não surge profeta” (Jo 7:52). Aliás, o profeta Jonas era de Gete-Héfer, uma cidade da Galileia (2Re 14:25). Passagens bíblicas que parecem aludir a aspectos da pesquisa histórica incluem o Salmo 87:6, Isaías 28:10 e Romanos 15:4.
  10. Uma explicação de como esse exemplo pode ser utilizado como base para uma atividade de classe de pesquisa é encontrada em uma monografia preparada para o 35º Seminário Internacional de Fé e Ensino (2007), de Nicceta Davis, intitulado: “The Bible and Research: Reflections for the Christian Researcher.” A monografia pode ser acessada em http://christintheclassroom.org/vol_35a/35a-cc_037-056.pdf.
  11. O convite de Davi para experimentar a bondade de Deus também parece sugerir o pesquisador como um instrumento: “Oh! Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Sl 34:8, ARA). A degustação, em particular, é direta, pessoal e íntima. Observe também que o resultado procura estabelecer a confiabilidade de Deus, outro conceito essencial na investigação qualitativa. Eva, na árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 3), pode ser mais um exemplo de investigação experiencial. Infelizmente, Adão e Eva aceitaram suposições falsas e duvidaram da confiabilidade de Deus.
  12. Outro exemplo pode ser encontrado nas instruções de Jesus aos dois discípulos de João Batista, que haviam trazido a pergunta de João: “És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?” Após um tempo aguardando resposta, Jesus lhes disse: ‘‘Voltem e anunciem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos veem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas novas são pregadas aos pobres” (Lc 7:18-22).
  13. Ver, por exemplo, Deuteronômio 17: 6; 19:15; Mateus 18:16; 2 Coríntios 13: 1; 1 Timóteo 5:19; Hebreus 10:28.
  14. Alguns exemplos bíblicos de espírito de indagação e curiosidade incluem Moisés e a sarça ardente (Êx 3: 2, 3), o desejo de Herodes de encontrar Jesus (Lc 9: 9; 23: 8), a busca dos atenienses por novos conhecimentos (At 17:19-21) e o desejo da multidão de encontrar Lázaro, a quem Jesus ressuscitou dentre os mortos (Jo 12:9). Ver também Gênesis 32:29; Juízes 13:17, 18; Daniel 12:8, 9; Mateus 24:3; 13:23; João 3:4; 12:20, 21; e Atos 1:6, 7.
  15. Ver também Deuteronômio 4:32; 32:7; Salmo 44:1; 78:3; 1 Coríntios 10:11.
  16. Outro exemplo pode aparecer no Livro de Ester. Embora não seja tecnicamente uma pesquisa, a revisão de Xerxes do livro das crônicas do reino trouxe à luz o fato de que, quando dois oficiais reais conspiraram para assassinar o rei, Mardoqueu havia descoberto a trama e salvado a vida do rei, mas nunca havia recebido o devido reconhecimento (ver Et 6). Além do fato de que a pesquisa e as noites sem dormir parecem caminhar juntas, este evento destaca o conceito de que as atividades associadas à pesquisa podem contribuir para a mudança de políticas e, finalmente, impactar a vida das pessoas.
  17. Certamente, pode haver outros princípios nas Escrituras aplicáveis à pesquisa. Isso pode incluir: ética em pesquisa (Mt 7:12), adequação de tópicos (Nm 1 e 2; 1Cr 21; Sl 64:6), cuidado no uso de fontes (Jr 8:8; Mt 4:6, 7; Ap 22:18, 19), teste de hipóteses (Ml 3:10; 1Jo 4:1) e a redação dos resultados (Hc 2: 2).
  18. Ellen G. White, “Imperative Necessity of Searching for Truth” (Necessidade imperativa de buscar a verdade), The Advent Review e Sabbath Herald 69:45 (15 de novembro de 1892):706, 707. De maneira semelhante, White também declara: “A palavra de Deus deve ser estudada, e isso requer pesquisa ponderada e com oração” (“Timothy”, The Youth’s Instructor 1852-1914 [Silver Spring, Maryland: Ellen G. White Estate, Inc., 2017], 977). “A pesquisa científica abre à mente vastos campos de pensamento e informação, permitindo-nos ver Deus em Suas obras criadas”, The Signs of the Times 26:11 (14 de março de 1900).