Tem sido longa a minha jornada com a ficção, estendendo-se dos dias tranquilos da infância aos tumultuosos anos da juventude, bem como do período experimental e vigoroso do início da maturidade até a fase de acomodação e estágio produtivo da idade adulta. No meu envolvimento com a ficção, experimentei alegria e luz, mas também sofri tristeza inesperada e suportei trevas profundas. Minha jornada foi abençoada por professores tementes a Deus e altruístas, mas também foi desafiada por professores agnósticos e absorvidos pela carreira. Durante todo o meu caminho de Emaús, apesar da minha tolice e lentidão de coração em acreditar em tudo o que os profetas falaram, Jesus esteve comigo, pacientemente me incentivando a entender o papel da ficção.

Meu envolvimento inicial com a ficção foi de natureza bíblica. Ele foi agraciado com a paz da infância e sustentado por princípios de formação de vida. Como se isso não houvesse ocorrido há décadas, lembro-me de minha irmã mais nova e de mim mesmo como pré-escolares sentados juntos, envoltos nos braços de nossa mãe, um à esquerda e outra à direita. Lá ouvíamos as músicas de Sião, memorizávamos as bem-aventuranças e outras passagens das Escrituras e ouvíamos com admiração a parábola do filho pródigo e outras histórias, todas narradas no estilo inimitável de nossa mãe. Mais tarde, isso foi aprofundado nos meus anos do ensino fundamental por Naomi Blatch, minha professora da escola pública.1 Mesmo agora, posso ver cada um de nós indo para a frente da classe, revezando-se para ler histórias dos Primeiros da Bíblia. Para minha mente receptiva, era natural ver as histórias e os heróis da Bíblia como os mais fascinantes.

Tudo isso mudou, no entanto, enquanto eu continuava minha jornada. No ensino médio, encontrei o mundo dos irmãos Grimm, uma paisagem povoada por Hansel e Gretel e escurecida por bruxas e madrastas más. Lá aprendi a saborear contos folclóricos de João e o Pé de Feijão, ogros e anões, órfãos e fadas madrinhas. Era um mundo estranho, mas enquanto suas trevas e suspense faziam meu coração palpitar e a respiração parar, destruíam minha paz, levando Jesus à periferia de meus pensamentos. O mundo fictício do ensino médio apareceu no horizonte, apelando e, de certa forma, criando minha crescente rebeldia com a introdução de aparente liberdade sexual nas obras de autores como D. H. Lawrence e John Updike, famosos por Lady Chatterley's Lover e Couples (O Amante de Lady Chatterly e Casais), respectivamente. Quando fiquei imerso na ficção, usando-a como um centro para minha vida e escrevendo minhas próprias histórias e peças, uma das quais foi premiada, a paz me abandonou, e Jesus se tornou um desfalecido eco. Ainda assim, fascinado pela estranha atração da ficção, eu me considerava sofisticado, de vanguarda e progressista.

Embora um retorno parcial aos primeiros trabalhos de minha infância tenha proporcionado certa firmeza e satisfação durante meus anos de faculdade adventista, minha jornada com a ficção, mesmo então, às vezes era intrigante. Nos meus anos de graduação, um professor de inglês cordial e inquestionavelmente competente impedia a ficção imoral de entrar em seus cursos, enquanto mantinha obras que se concentravam em épicos e sugeriam o fantasioso e o mágico. No entanto, ele os correlacionava fielmente com a vida e os contrabalançava com a Bíblia. Uma nova maneira de ver a ficção se abriu para mim, mas algo ainda estava faltando. Infelizmente, o vácuo não foi preenchido pelo meu programa de pós-graduação, que prestou sua homenagem obrigatória a Shakespeare e outros luminares da ficção. De fato, minha inquietação se aprofundou com o foco que um professor colocava nas fabliaux de Geoffrey Chaucer, contos maliciosos de maridos traídos e esposas perdidas, narrados em um fluxo de descrição e indiferença descontroladas. Revoltado com o valor dado a essas histórias vulgares nessa instituição adventista, escrevi uma análise de mais de 20 páginas intitulada “Chaucer’s Reeve’s and Miller’s Tales: Medieval Pornography?” (“Os contos de Chaucer, Reeve e Miller: pornografia medieval?”). Achei a redação desse projeto de artigo catártica e fiquei convencido de que os papéis da ficção não eram apenas para entreter os leitores de maneira inteligente e apelar para a apreciação da beleza com habilidade, mas também para apelar à sua mais nobre personalidade com sabedoria e elevá-los moralmente.

Minha jornada com a ficção posteriormente deu uma virada marcante. Depois da pós-graduação, eu próprio me tornei professor de ficção. Recém-formado e entusiasmado, enfrentei um dilema na minha alma mater de graduação. Eu ensinaria ficção com o conteúdo às vezes desagradável do meu passado educacional? Ou, em vez disso, ensinaria em uma espécie de síntese, imitando a liderança de meu professor de graduação de peneirar obras abertamente prejudiciais, mas mantendo as que eu considerava inócuas, embora questionáveis? Ou eu as excluiria completamente? Ao longo dos anos, uma consciência persistente e maior interação com meus alunos me ajudaram a responder a essas perguntas.

Surpreendentemente, um dos alunos que acidentalmente me ajudou no caminho era um calouro em um curso de redação. Discordando de uma das histórias atribuídas ao curso, ele se opôs à aparente depreciação de Deus por um personagem cansado de Hemingway quando, em suas reflexões, zombou da religião e da Oração do Senhor em frases como “Nosso nada que está em nada, nada é o seu nome” (“A Clean, Well-Lighted Place - Um lugar limpo e bem iluminado”).2 No entanto, para mim, a explosão do personagem nasceu da desilusão e de forma alguma era obscena ou irreverente; era meramente factual, revelando sua confusão e desespero.

O aluno, por outro lado, via isso como perigoso e profano, demonstrando uma das muitas opiniões sobre por que a ficção não deveria ser ensinada na escola cristã. Eu respondi, exclamando que o próprio Jesus usou ficção, empregando-a efetivamente em muitas de Suas parábolas. Embora mais tarde eu tenha honrado o desejo do aluno de não ler nenhuma ficção, atribuindo-lhe substitutos factuais, em particular fiquei perturbado. Sua corajosa e desqualificada dedicação a suas crenças fervia em minha mente. Poderia ele, um calouro, estar certo, e eu, um doutor ensinado por luminares da minha área, estar errado? Mais importante, estaria ele sendo usado para me trazer de volta ao que eu me opus quando eu lia o fabliaux de Chaucer na pós-graduação?

Outro aluno que desafiava minha perspectiva sobre ficção era um pré-formando, de um nível superior dos confrades do curso de Literatura. Onde seu colega mais jovem era zeloso e ruidoso ao proclamar seus pontos de vista, ele era calmo e analítico ao contestar um romance de Ernest Gaines. Armado com trechos reais do romance, ele se sentou no meu escritório (eu agora servia como diretor do Departamento de Inglês) explicando seu desconforto com essa linguagem ofensiva, situações imorais e resultados inevitáveis. Sua abordagem me convidou a considerar se Deus apoiava tais obras que estavam sendo ensinadas em Sua escola para jovens que estavam sendo preparados para o serviço na Terra e a cidadania no céu. Fiquei emocionado com o tato e a óbvia verdade de suas críticas, tão emocionado que incentivei meus colegas a evitar ensinar tais obras.

Esse não era o fim, pois o jovem reacendeu a chama ardente provocada pelo primeiro aluno. Cuidadosamente, avaliei minhas próprias disciplinas removendo delas tudo o que contrariava os conselhos da Bíblia sobre imaginação e verdade. Eu não podia mais tentar manipulá-las higienizando-as para o consumo dos alunos. Já não sujeitaria os alunos, em nome da arte e da relevância, à imundície descarada, à ousadia, violência e sexualidade gráfica de obras como The Duchman (O holandês), de Amiri Baraka; o Howl (Uivo), de Allen Ginsberg; e The Bluest Eye (O olho mais azul), de Toni Morrison.

Não devemos louvar a idolatria nem os homens que não escolheram servir a Deus. Anos atrás, nossos editores foram repreendidos ao defender a leitura de livros como A cabana do Pai Tomás, Fábulas de Esopo e Robinson Crusoé. Aqueles que começam a ler essas obras geralmente desejam continuar lendo romances.

As Escrituras que guiaram minha reavaliação assumiram uma clareza e dimensão que, de alguma forma, eu havia ignorado. Achei o rei Davi útil quando ele escreveu: “Não porei coisa injusta diante dos meus olhos; aborreço o proceder dos que se desviam; nada disto se me pegará” e “Longe de mim o coração perverso; não quero conhecer o mal” (Sl 101:3; 101:4, ARA).3 Paulo foi útil aconselhando: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” (Ef 4:29). Para mim, o apóstolo esclareceu toda a questão quando implorou: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Fp 4:8).

Também achei muito instrutivo o uso de histórias por Jesus. Como Mestre, Ele sempre falava com um objetivo claro: a restauração das pessoas para a alegria, saúde e realização que elas conheciam no início dos tempos. Ele veio e enfatizou: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10:10). Essa dedicação não O impediu de construir Suas histórias a partir de um dispositivo literário, mas Ele o empregou para cativar a atenção e encanto de Sua audiência com o mesmo compromisso, com a beleza e perfeição que esbanjava em Suas obras criadas. Suas histórias estão repletas de características literárias, como personificação, metáfora, símile, hipérbole, ironia, monólogo e alusão, um leque que perfaz da comédia e tragédia à alegoria e ao faction, uso de eventos reais para fins de narrativa. Assim, a parábola do semeador deslumbra não apenas pelo brilhantismo de Jesus no uso de uma atividade conhecida para ilustrar um ponto sobre a recepção do evangelho, mas também examina a multicamada, a natureza enclausurada da mente humana. Certamente, a parábola do filho pródigo captura pungentemente a alegria contagiante de um pai amoroso ao receber em casa seu filho machucado pela vida, mas também, num golpe de gênio, Jesus deixa o final da história nas mãos do público: como eles vão tratar os filhos e filhas pródigos de seu próprio círculo? Eles vão ficar de mau humor e julgar do lado de fora da festa de boas-vindas, ou vão se divertir e abraçá-los uma vez que estavam “mortos e reviveram” e “estavam perdidos e foram achados”? (Lc 15:32). Tudo isso mostra que, quando a ficção é usada como Jesus a usou, é uma ferramenta atraente e instrutiva para iluminar e ajudar a condição humana. Quando não é, barateia e até degrada esse presente dado por Deus, enganando sua audiência.

Eu descobri que Ellen White,4 que disse que seus escritos são uma luz menor, levando os leitores à luz maior que é a Bíblia, enfatizou e ampliou sua posição sobre a ficção. Quando falo com colegas respeitados e conhecedores de minhas preocupações com a ficção, encontro várias objeções. Primeiro, eles sustentam que, quando a Sra. White falou contra a ficção, ela estava protestando contra os romances da América do final do século 19, e não sobre a ficção em geral. Segundo, se a ficção fosse eliminada de nosso currículo, prejudicaríamos as chances de nossos alunos ingressarem em escolas seculares de pós-graduação e relegaríamos nossas próprias instituições ao status de faculdade bíblica.

Respeitosamente, não encontrei evidências para apoiar a primeira objeção. De fato, afirmação após afirmação do Espírito de Profecia mantêm o oposto. Talvez apenas algumas seriam suficientes aqui. No livro O lar adventista, a Sra. White escreveu sobre os efeitos nocivos de contos, mitos clássicos e autores infiéis. Ela lamentou: “O mundo está inundado de livros que melhor seria queimar do que fazê-los circular. Melhor seria que nunca fossem lidos pela juventude livros sobre assuntos sensacionais, publicados e circulados com o fim de ganhar dinheiro. [...] A prática da leitura de histórias é um dos meios empregados por Satanás para destruir as almas. Produz satisfação falsa e doentia, agita a imaginação, inabilita o espírito para a utilidade e para todo o exercício espiritual. Afasta a alma da oração e do amor às coisas espirituais. Obras de romances, frívolos e provocantes contos, pouco menos ruinosos são ao leitor. Talvez o autor professe ensinar uma lição de moral, pode entretecer na obra sentimentos religiosos; frequentemente, porém, isto não serve senão para velar a loucura e a vileza que se acham no fundo.”5

Sua oposição à ficção era clara, ampla e firme, mesmo considerando escritores como William Shakespeare e Harriet Beecher Stowe. Em Manuscript Releases, volume 6, ela declarou: “Irmãos, vamos voltar à nossa razão. Por muitas maneiras estamos nos separando de Deus. Oh, quão envergonhada eu fiquei com um número recente da Signs of the Times! Na primeira página há um artigo sobre Shakespeare, um homem que morreu alguns dias depois de uma bebedeira, perdendo a vida por indulgência de um apetite pervertido. Neste artigo, afirma-se que ele fez muitas boas obras. O homem é exaltado. O bem e o mal são colocados no mesmo nível e publicados em uma Revista que nosso povo usa para dar a mensagem do terceiro anjo a muitos daqueles que não podem ser alcançados pela Palavra pregada [...] Quando dermos a mensagem em sua pureza, não teremos por que utilizar figuras que ilustrem o local de nascimento de Shakespeare, ou figuras semelhantes à ilustração de deusas pagãs que foram usadas para preencher o espaço na primeira página de um número recente da revista Review and Herald. Não devemos educar os outros através desses meios. Deus Se pronuncia contra tais artigos e ilustrações. Tenho um testemunho direto a proclamar a respeito deles. Não devemos louvar a idolatria nem os homens que não escolheram servir a Deus. Anos atrás, nossos editores foram repreendidos ao defender a leitura de livros como A cabana do Pai Tomás, Fábulas de Esopo e Robinson Crusoé. Aqueles que começam a ler essas obras geralmente desejam continuar lendo romances. Através da leitura de histórias atraentes, eles perdem rapidamente sua espiritualidade. Essa é uma das principais causas da espiritualidade fraca e incerta de muitos de nossos jovens.”6

Com relação à segunda objeção sobre a importância da ficção e sua remoção, enfraquecendo nosso programa acadêmico, a Sra. White teve um sonho em que o próprio Jesus deu conselhos valiosos aos educadores adventistas. Eles apoiavam avidamente o uso de livros de autores infiéis, considerando-os necessários para o currículo. No entanto, Jesus diferiu, explicando completamente Sua posição: “Aquele que é, e tem sido, nosso Professor, deu um passo à frente e, segurando nas mãos os livros que foram sinceramente defendidos como essenciais para o ensino superior, disse: Você encontra nesses autores sentimentos e princípios que os tornam completamente seguros para colocá-los nas mãos dos estudantes? As mentes humanas são facilmente encantadas pelas mentiras de Satanás; e essas obras produzem na mente um desagrado pela contemplação da Palavra de Deus, que, se recebida e apreciada, assegura a vida eterna ao recebedor. Vocês são criaturas com hábitos e, se nunca tivessem lido uma palavra nesses livros, hoje estariam muito mais aptos a compreender aquele Livro que, acima de todos os outros, é digno de ser estudado, e que fornece as únicas ideias corretas sobre educação superior. O fato de ser costume incluir esses autores em seu material didático, e porque esse costume se torna mais respeitável com o tempo, não é argumento a seu favor. Isso não necessariamente os recomenda como livros seguros ou essenciais. Esses livros conduziram milhares para onde Satanás levou Adão e Eva a comer da árvore do conhecimento que Deus proibiu. Eles levam os alunos a abandonar o estudo das Escrituras por uma linha de educação que não é essencial. As palavras dos homens que dão evidência de que não conhecem a Cristo não devem encontrar lugar em nossas escolas.”7

Em uma conclusão assustadora que levou o debate a uma arremate inquestionável, a Sra. White relatou as palavras finais de Jesus: “O Mensageiro de Deus tomou então das mãos de vários professores os livros que estavam usando como didáticos, alguns dos quais escritos por autores infiéis e continham sentimentos do mesmo gênero, e os colocou à parte, dizendo: Nunca houve um tempo em que o estudo desses livros trouxesse benefício ou para o presente ou vida futura e eterna.8

Minha jornada ao longo da vida navegando nas águas turbulentas da ficção, guiado por esses conselhos bíblicos e do Espírito de Profecia, chegou ao fim. Já não aceito a ficção encarando-a como instrutiva, divertida, inócua ou necessária. Em vez disso, agora eu a vejo como sutilmente perigosa, benéfica apenas quando estritamente usada da maneira que Jesus a modelou. Entendo o protesto de Harry Emerson Fosdick contra grande parte da ficção moderna em seu livro Twelve Tests of Character (Doze testes do caráter): “Nossos pais costumavam testemunhar a execução pública de criminosos. A teoria era que a visão de morte violenta em punição pelo crime ensinaria uma lição às pessoas. Mas isso não ocorreu. Os penologistas descobriram que, após execuções públicas, os assassinatos e crimes de violência aumentavam. Eles descobriram que a brutalidade gera brutalidade. Em consequência, mantivemos nossas execuções a portas fechadas. Portanto, também é total imbecilidade supor que nosso interesse sexual insolente e vociferante, nossos dramas sexuais, romances sexuais, filmes sexuais, palestras sexuais e caricaturas sexuais da psicanálise, com todas as suas informações, estejam ajudando a limpar a vida de nossa juventude. Seu efeito não é a limpeza, mas embrutecimento. Eles não despertam aspiração pela pureza; eles acostumam a mente à impureza. Não podemos lavar nossas roupas e lençóis com água suja.”9

Por que deveríamos sujeitar a nós mesmos e nossos alunos impressionáveis às obras de escritores que muitas vezes eram debochados e inquisitivos, incapazes de conduzir seu próprio caminho? Por que não prestar atenção ao arrependimento posterior de vários que, como Chaucer10 e Boccaccio,11 rejeitaram o conteúdo imoral de suas obras? Em vez de abraçar a ficção, não devemos prestar atenção à avaliação da Bíblia quando ela afirma: “Olhe para as instruções e ensinamentos de Deus! As pessoas que contradizem sua palavra estão completamente no escuro” (Is 8:20, NLT)? Embora nunca tenha havido um tempo seguro em que professores cristãos pudessem mergulhar na ficção em sala de aula e na vida privada, agora é duplamente inseguro para nós “sobre quem os fins dos séculos têm chegado” (1Co 10:11). Somos a “carta de recomendação” de Deus, “conhecida e lida por todos os homens” (2Co 3:1-2, NVI).12 Assim, não podemos nos dar ao luxo de manchar qualquer parte de nossa vida com rabiscos de origem satânica. Como luzes do mundo e sal da terra, devemos apoiar e proclamar uma literatura que ilumine e purifique; em resumo, devemos tratar dos negócios de nosso Pai de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para ajudar a curar um mundo ferido e destruído, o que começa em nossa vida pessoal e na sala de aula.

Este artigo foi revisado por pares.

Derek C. Bowe

Derek C. Bowe, PhD, é professor de Inglês e Línguas Estrangeiras na Oakwood University, em Huntsville, Alabama, Estados Unidos. Ele leciona Literatura na Oakwood há mais de 30 anos e também atuou como diretor do departamento. O Dr. Bowe obteve seu doutorado em Inglês pela Universidade de Kentucky e publicou e apresentou amplamente uma variedade de temas relacionados ao idioma e à literatura inglesa.

Citação recomendada:

Derek C. Bowe, “Bíblia, Ellen White e ficção: a jornada de um professor,” Revista Educação Adventista 82:1 (janeiro a março de 2020). Disponível em: https://www.journalofadventisteducation.org/pt/2020.82.1.6.

NOTAS E REFERÊNCIAS

  1. Antes das decisões da Suprema Corte dos Estados Unidos em 1962, a oração e a leitura da Bíblia eram práticas comuns nas escolas públicas americanas. Veja Frank McGee, “Supreme Court Rules against Requiring Prayer in Public Schools,” (“Suprema Corte decide contra a exigência de oração nas escolas públicas”), NBC Learn K-12 (17 de junho de 1963). Disponível em: https://archives.nbclearn.com/portal/site/k-12/flatview?cuecard=3006.
  2. Ernest Hemingway, “A Clean, Well-Lighted Place” (1933). Disponível em: https://pdf4pro.com/view/a-clean-well-lighted-place-1933-url-der-org-34c66.html.
  3. Todas as citações bíblicas, salvo apontadas, são da versão Almeida Revista e Atualizada©. Usada com permissão. Todos os direitos reservados.
  4. Os escritos de Ellen White sobre ficção têm muitos contextos. Algumas de suas cartas sobre o assunto foram escritas durante o período em que as faculdades adventistas estavam criando currículos que não se baseavam na tradição clássica dos estudos gregos e latinos. Outras cartas foram escritas no século 19 para as publicadoras adventistas, como a Pacific Press, na Califórnia, e a Review and Herald, em Battle Creek, ambas aceitando materiais de ficção para impressão. Para mais informações sobre as declarações de Ellen White sobre ficção, consulte Keith Clouten, “Ellen White and Fiction: A Closer Look” (“Ellen White e ficção: um olhar mais atento”), The Journal of Adventist Education 76: 4 (abril/maio de 2014): 10-14. Disponível em: http://circle.adventist.org/files/jae/pt-br/jae201476041005.pdf. Para mais informações sobre os currículos das faculdades adventistas iniciais, consulte Floyd Greenleaf, em Passion for the Word (Paixão pela palavra) (Nampa, Idaho: Pacific Press, 2005), 80-103.
  5. Ellen G. White, O lar adventista (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2007), 412, 413.
  6. Id., Manuscript Releases 1897 (Silver Spring, Md.: Ellen G. White Estate, 1990), 6:279, 280 (itálicos acrescentados).
  7. Id., “The Bible in our Schools,” ibid., 263, 264.
  8. Ibid., 265 (itálicos acrescentados).
  9. Harry Emerson Fosdick, Twelve Tests of Character (Doze testes de caráter) (New York: Harper & Brothers, 1923), 44. Veja também pesquisa comparativa recente mostrando as taxas de assassinatos em estados com pena de morte como mais altas do que em estados que não têm pena de morte, o que, segundo se diz, apoia a observação de Fosdick: Death Penalty Information Center (Centro de Informação sobre Pena de Morte – atualizado em 2020). Disponível em: https://deathpenaltyinfo.org/facts-and-research/murder-rates/murder-rate-of-death-penalty-states-compared-to-non-death-penalty-states. O argumento de Fosdick, no entanto, é que a visão generalizada da imoralidade sexual cria mais degradação, assim como a exposição deliberada a enforcamentos públicos, sem querer, conduz a mais brutalidade.
  10. No final de The Canterbury Tales (Os contos de Canterbury), Geoffrey Chaucer faz uma confissão impressionante, aparentemente escrita algum tempo após a data de publicação original do poema. Nele, ele busca “pela misericórdia de Deus” e as orações de seus leitores por suas “traduções e composições de vaidades mundanas”, como Troilus e Criseyde, The Canterbury Tales (Os contos de Canterbury), (especificamente “aqueles que tendem ao pecado”) e Parliament of Fowls (O parlamento das aves). Ele agradece a Jesus, Maria e a “todos os santos do céu” por suas obras de não ficção, como “a tradução da Consolação da Filosofia, de Boécio, e outros livros de lendas de santos, homilias, moralidade e devoção (veja o site da Universidade de Harvard, Geoffrey Chaucer, “10.2 Chaucer’s Retraction (Retração de Chaucer) [2018]. Disponível em: https://chaucer.fas.harvard.edu/pages/chaucers-retraction-0.)
  11. Tornando-se cada vez mais religioso em sua idade mais velha, Giovanni Boccaccio teve que ser persuadido por seu amigo Petrarch “a não queimar suas próprias obras e vender sua biblioteca” (veja Umberto Bosco, Enciclopédia Britânica, “Giovanni Boccaccio: poeta e estudioso italiano” (modificado em janeiro de 2020). Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Giovanni-Boccaccio.)
  12. 2 Coríntios 3:1-2. Nova Versão Internacional©. Usada com permissão. Todos os direitos reservados.