Perspectivas | Edgard Leonel Luz

Educação adventista no norte da Ásia:

desafios e oportunidades para a liderança na era da IA

Vivemos em um mundo impactado por constantes transformações, o que demanda novos modelos de liderança, especialmente no campo educacional. Formar cidadãos completos, capazes de enfrentar os desafios atuais e futuros, requer uma abordagem holística que transcende o mero desenvolvimento técnico. Nesse contexto, a liderança educacional adventista é fundamental para criar uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável.

Em tempos desafiadores, a importância de líderes bem preparados e resistentes se torna ainda mais evidente. Eles são essenciais para a estabilidade e o progresso. Desde criar um senso coletivo de trabalho em equipe até tomar decisões responsáveis após se comunicar com os outros, passando pela coordenação de recursos e trabalho em equipe, e facilitando o aprendizado, cada aspecto do papel do líder torna-se vital para enfrentar desafios e superar adversidades.1

Os eventos do século XXI criaram um cenário complexo e desafiador para a liderança em todas as áreas, incluindo a educação adventista, especialmente no norte da Ásia,2 e mais especificamente na Janela 10/40, uma região que contém a maior parte da população mundial ainda não alcançada pelo evangelho.3 Nesse contexto, equilibrar a fidelidade aos nossos princípios fundamentais com a acomodação das demandas de uma crescente diversidade de estudantes e famílias e atender às necessidades de comunidades em diferentes realidades — culturais, religiosas e socioeconômicas — apresentam-se como grandes desafios. Navegar em um mundo marcado por conflitos, polarização e desintegração de valores tradicionais requer um firme compromisso com a filosofia cristã, criatividade, inovação e fé inabalável.

A diversidade cultural, religiosa, econômica e linguística do norte da Ásia significa que os administradores devem se envolver em diálogo respeitando e que valorize as tradições locais, sem renunciar aos princípios e valores que sustentam a educação adventista. No planejamento para uma aprendizagem significativa e envolvente, os currículos e pedagogias devem ser contextualizados, e as heranças culturais variadas dos alunos devem ser reconhecidas e celebradas. Além disso, a diversidade econômica deve ser considerada nas estratégias educacionais. A igreja atrai alunos de países ricos, tecnologicamente avançados e altamente desenvolvidos, bem como de áreas de extrema pobreza. Grande parte da população do norte da Ásia, incluindo alunos que frequentam escolas adventistas, vive em regiões com níveis muito baixos de saneamento básico e com condições precárias de higiene.

Uma análise das questões relacionadas à desigualdade social e à liberdade religiosa em vários países revela variações significativas. Para abordar essa realidade, é necessário um plano estratégico bem fundamentado na missão e no propósito da educação adventista. Por exemplo, garantir a excelência educacional em lugares com recursos abundantes é crucial para a sobrevivência de qualquer instituição ou rede educacional. Isso se torna ainda mais essencial em sociedades altamente competitivas e exigentes. Por outro lado, em regiões carentes, manter um alto padrão de educação não é apenas uma meta acadêmica, mas também uma questão de sobrevivência para os alunos e suas famílias. A educação representa o único meio viável para eles melhorarem suas condições de vida em meio a desafios avassaladores.

Ao abraçar a diversidade da Janela 10/40, a educação adventista se posiciona como um farol de oportunidade, esperança e transformação para as gerações futuras no norte da Ásia. Ela é, portanto, capacitada a construir um mundo mais justo, pacífico e próspero e a pavimentar o caminho para o reino eterno de Cristo.

Desafios da liderança educacional adventista

No contexto da liderança educacional adventista, um desafio crucial é a integração harmoniosa de fé e ensino. Os líderes enfrentam a tarefa de transmitir conhecimento e cultivar valores sólidos e íntegros fundamentados em princípios bíblicos e cristãos. Eles devem preparar os alunos para se destacarem profissionalmente e se tornarem cidadãos conscientes e engajados, ansiosos para servir a Deus e à humanidade. Isso significa ir muito além do ensino e oferecer o melhor em instalações educacionais, currículo e abordagens instrucionais. Ellen White4 afirmou que nada é melhor para desenvolver a mente e fortalecer o intelecto do que o estudo da Palavra de Deus.

O propósito da educação adventista transcende a simples transmissão de conhecimento; ela busca formar agentes de mudança positiva, capacitando os alunos a viver de acordo com valores como amor, compaixão e justiça, contribuindo assim para a construção de uma sociedade mais harmoniosa e solidária.

Como Riggio e Newstead5 afirmam, os desafios exigem planejamento e demandam decisões e ações que impactam a realidade. Frequentemente, as ramificações das decisões tomadas pelos líderes em tempos de desafio não serão conhecidas até muito tempo depois, o que significa que os líderes devem fazer escolhas e decidir sobre ações que terão consequências tanto para o presente quanto para o futuro.

Conforme destacado por Sleemat,6 é essencial que os líderes entendam profundamente o contexto do século 21 e desenvolvam constantemente habilidades para lidar com seus muitos desafios. Isso é crucial para orientar instituições educacionais por meio das transformações econômicas, tecnológicas e culturais que estão afetando sociedades ao redor do mundo. Além disso, os líderes precisam inspirar mudanças positivas, ser sensíveis à diversidade cultural e estar prontos para se adaptar à era da inteligência artificial (IA). Eles também devem saber sua responsabilidade de representar o melhor em amor e serviço às pessoas.

Líderes educacionais adventistas precisam manter a fidelidade aos valores e princípios cristãos. Eles também devem abordar polarizações ideológicas, conflitos religiosos e a alta competitividade da sociedade contemporânea com resiliência e visão, a fim de garantir a relevância e o impacto positivo da educação adventista no mundo contemporâneo.

Consequentemente, os três principais desafios da liderança educacional adventista no norte da Ásia são: (1) integrar harmoniosamente os valores cristãos com o ensino acadêmico; (2) adaptar e responder efetivamente às transformações econômicas, tecnológicas e culturais do século XXI; e (3) inspirar mudanças positivas ao confrontar polarizações ideológicas e competição na sociedade contemporânea. No entanto, precisamos entender que esses desafios também geram oportunidades significativas para a educação adventista.

Oportunidades para a liderança educacional adventista

O século 21 é uma era de oportunidades para a educação adventista no norte da Ásia e na Janela 10/40. A rica diversidade cultural e linguística do norte da Ásia oferece à educação adventista uma oportunidade única de criar um ambiente de aprendizagem significativo e envolvente e de se tornar um agente de integração e transformação social por meio da oferta de currículos e pedagogias contextualizados.

Pobreza e desigualdade social são realidades em muitas regiões da Janela 10/40. A educação adventista exige um compromisso de garantir acesso à educação de qualidade para todos, independentemente da classe social ou condição econômica dos alunos. Iniciativas inovadoras permitirão que a educação adventista quebre barreiras e democratize o acesso ao conhecimento, promovendo assim o desenvolvimento e a mobilidade social.

A interconexão do mundo exige que os líderes educacionais naveguem em diversos contextos culturais, promovam colaborações internacionais e contribuam para mitigar os desafios globais.7 Instituições como a Escola Adventista de Thatta, uma pequena escola com 79 alunos, localizada em uma cidade com mais de 2 mil anos de história no sul do Paquistão, e o Pré-Seminário e Escola Adventista de Dhaka, em Bangladesh, que atende a mais de 3 mil alunos, são exemplos notáveis ​​na vanguarda da educação adventista. Essas escolas desempenham um papel crucial no cumprimento da missão da igreja em dois países de maioria muçulmana, fornecendo educação de qualidade e contribuindo para o desenvolvimento dessas nações. Quando integrada à excelência acadêmica, uma abordagem educacional centrada em valores cristãos produz uma força transformadora, nutrindo paz, justiça e amor e difundindo esperança nas comunidades.

À medida que o século 21 avança, as oportunidades para a educação adventista estão se expandindo, especialmente em regiões do norte da Ásia com altos níveis de avanço tecnológico. A liderança neste novo cenário requer uma mentalidade global e a capacidade de cultivar uma cultura de inovação.8 Da mesma forma, os líderes na educação adventista devem operar dentro de um contexto amplo, demonstrando pensamento global e encorajando a interconexão e a criatividade para impulsionar a inovação dentro das instituições educacionais da igreja.

Em países como a Coreia do Sul, a educação adventista está na vanguarda da integração de tecnologias no campo educacional por meio do estabelecimento de centros de excelência. A Sahmyook University e a Sahmyook Health University, em Seul, exemplificam essa iniciativa. Além de empregar profissionais altamente qualificados, essas universidades oferecem aos alunos e a toda a comunidade acadêmica acesso aos últimos avanços em novas tecnologias. Ao abraçar a integração de tecnologias digitais na educação e adotar o uso planejado e ético da inteligência artificial, essas instituições podem elevar ainda mais a qualidade e a excelência da educação que oferecem, preparando assim os alunos para desafios futuros.

Ao enfrentar desafios com resiliência e firme comprometimento, os líderes têm a oportunidade de fortalecer valores e princípios bíblicos, fornecer uma educação holística que transcende o mero conhecimento acadêmico e capacitar os alunos a se tornarem agentes de mudança positiva em suas comunidades enquanto se preparam para assumir seu lugar como cidadãos do reino celestial. Essa abordagem garante a relevância e o impacto duradouro da educação adventista nas sociedades locais e no mundo.

Plantando sementes de transformação eterna

A educação adventista deve se comprometer com ser uma agência de transformação social e espiritual, com a missão de contribuir para a construção de um mundo mais justo, pacífico e próspero, plantando sementes de esperança no coração das pessoas. E a Janela 10/40 apresenta muitas oportunidades.

Para atingir nossos objetivos, é crucial que tenhamos líderes adequadamente preparados, capazes de avançar, superar obstáculos e aproveitar as oportunidades que surgirem. Tais líderes devem demonstrar um sólido comprometimento com a filosofia e missão das instituições que representam e possuir ou desenvolver as competências necessárias. Somente assim serão capazes de guiar suas equipes com discernimento e convicção, buscando sempre o progresso e a excelência diante dos desafios atuais e futuros.

Dada a importância da liderança para o sucesso institucional, é essencial explorar os diferentes tipos de liderança que podem guiar com sucesso essas organizações em direção ao progresso e à excelência. Também é essencial saber quais tipos de liderança não serão eficazes. Os líderes devem estar cientes das relações complexas entre diferentes combinações de comportamentos de liderança e seu próprio bem-estar para equilibrar os benefícios e os desafios potenciais associados a tais comportamentos.9 A liderança eficaz pode resultar de uma combinação de várias abordagens. Discutidas aqui estão três: liderança transformacional, intercultural e servidora. Ao explorar esses diferentes tipos de liderança e identificar e incorporar as melhores qualidades de cada uma, os líderes serão capazes de aplicar abordagens e estratégias que podem contribuir significativamente para seu crescimento pessoal e o sucesso de sua organização.

Liderança transformacional

A liderança transformacional busca inspirar e motivar os colaboradores a atingir seu potencial máximo. Os princípios dessa abordagem podem funcionar como um guia para organizações e colaboradores, oferecendo um bom direcionamento diante de constantes mudanças e novas oportunidades. A liderança transformacional fornece condições para alcançar bons resultados organizacionais no que diz respeito ao desempenho individual e da equipe.10 Idealmente, ela permite que os líderes estabeleçam uma visão compartilhada que oriente os funcionários em direção a metas desafiadoras, promovendo um ambiente de trabalho positivo, significativo e inovador.

Criatividade e busca por soluções inovadoras criam um ambiente propício ao aprendizado contínuo e ao desenvolvimento de novas habilidades. Essa abordagem holística, que valoriza o crescimento pessoal e profissional dos funcionários, contribui para a formação de equipes resilientes e prontas para enfrentar as demandas de uma sociedade em constante mudança.

Líderes transformacionais agem como bússolas, guiando suas equipes por processos de mudança organizacional e fomentando a inovação em todos os níveis. Sua visão de longo prazo e capacidade de antecipar tendências e oportunidades permitem que suas organizações se posicionem estrategicamente e competitivamente, mesmo em tempos turbulentos.

A educação adventista no norte da Ásia deve intensificar seus esforços para fornecer circunstâncias para aprendizado contínuo, desenvolvimento de novas habilidades, criatividade e busca por soluções inovadoras. Deng et al.11 enfatizam que iniciativas baseadas em liderança transformacional podem ensinar aos líderes comportamentos de liderança positivos e eficazes, bem como fornecer oportunidades para que eles pratiquem e melhorem esses comportamentos – e isso inclui a adoção de comportamentos carismáticos, como comunicação ativa e escuta, autoconfiança positiva e cultivo da confiança para atingir níveis mais altos de eficácia.12

Liderança intercultural

Em um contexto globalizado e diversificado, a liderança intercultural surge como uma ferramenta essencial para promover a compreensão e a colaboração entre indivíduos de diferentes origens e culturas. Líderes interculturais assumem os papéis de exploradores, diplomatas e construtores de pontes, tecendo laços entre diferentes culturas e impulsionando o crescimento em um ambiente globalizado. Isso é especialmente necessário para a educação adventista, que funciona em mais de 150 países13 e desempenha um papel no treinamento de líderes e cidadãos para uma infinidade de culturas diferentes.

Conforme apontado por Sleemat,14 a liderança eficaz no contexto educacional contemporâneo requer uma abordagem inclusiva que valorize a diversidade cultural e promova a equidade. Essa sensibilidade cultural se traduz em empatia, permitindo que esses líderes se coloquem no lugar dos outros para entender melhor seus valores, suas crenças e motivações. Essas pontes de empatia pavimentam o caminho para a construção de relacionamentos de confiança e respeito mútuo.

Além de promover o entendimento cultural, a liderança intercultural fomenta a inovação como fruto da diversidade. Ela busca reunir talentos de diferentes origens e perspectivas, e essa multiplicidade de pensamentos e abordagens impulsiona o brainstorming, gerando novas possibilidades e impulsionando o crescimento organizacional.

Líderes capazes de navegar pela diversidade cultural e construir parcerias internacionais estão em alta demanda. E é exatamente aí que a educação adventista pode desempenhar um papel significativo. Dentro de nossa rede diversificada de instituições, as oportunidades de construir pontes entre culturas sem comprometer os fundamentos filosóficos da organização são abundantes. Investir em programas de coaching e mentoria que podem ajudar a treinar líderes para trabalhar interculturalmente, fornecer oportunidades para colaborar e resolver problemas e se envolver em conversas e diálogos são algumas maneiras pelas quais a educação adventista pode apoiar e ajudar a cultivar líderes capazes.

Liderança servidora

A liderança servidora busca priorizar o bem-estar e o desenvolvimento dos membros da equipe, promovendo assim um ambiente de trabalho saudável e inspirador. Como modelo, destaca-se como aquele que transcende os limites das teorias tradicionais de liderança.15 Baseada na premissa de servir aos outros, essa abordagem enfatiza a importância de criar uma comunidade coesa e manter altos padrões éticos dentro das organizações.16

Estudos mostram que a liderança servidora inspira criatividade e inovação, promovendo uma cultura de melhoria contínua no local de trabalho.17 Ao mesmo tempo, ela cria confiança na liderança e uma percepção de que os processos são justos e atendem aos melhores interesses daqueles que estão sendo atendidos.18 Quando os líderes organizacionais adotam a liderança servidora em suas práticas diárias, ela melhora o comprometimento coletivo de todos que trabalham na instituição, promove uma cultura de gratidão e inteligência social e impulsiona o sucesso organizacional.19 Para extrair o melhor daqueles que lideram, os líderes devem se envolver em interação individual para entender as habilidades, necessidades, desejos, objetivos e potencial daqueles com quem servem.20

Na educação adventista, a liderança servidora assume um papel crucial. Os líderes são incumbidos de guiar os outros de acordo com os princípios bíblicos, visando atender as suas necessidades e as necessidades da instituição que representam. Eles lideram pelo exemplo, seguindo os princípios estabelecidos por Jesus Cristo. Portanto, a liderança servidora na educação adventista surge como uma fonte de inspiração e orientação, levando os outros em direção aos propósitos divinos e ao bem comum.

Liderança na era da inteligência artificial

Igualmente relevante é o impacto da inteligência artificial na liderança, explorando como essa tecnologia pode ser integrada de forma ética e eficaz para otimizar processos e ajudar a tomar decisões informadas. Nos territórios desconhecidos da revolução da IA, a liderança deve se posicionar como uma bússola, guiando organizações e seus líderes por um cenário de possibilidades transformadoras. Os líderes educacionais adventistas precisam assumir os papéis de exploradores, inovadores e estrategistas, integrando perfeitamente as tecnologias emergentes na estrutura das instituições e organizações educacionais. A capacidade de aproveitar o poder da IA, ao mesmo tempo em que mantém princípios éticos e valores humanos, será uma estratégia crucial para moldar o caminho para o sucesso no século 21.

De acordo com McCarthy, Sammon e Alhassan,21 apesar de vários elementos que podem afetar a execução bem-sucedida de um programa de transformação digital (por exemplo, como trabalhar com pessoas, processos e tecnologia ao construir e planejar a implementação de processos digitais), nenhum tem tanta influência quanto uma liderança qualificada e competente. Líderes que têm uma visão clara do contexto atual e do futuro, juntamente com uma compreensão profunda das capacidades e limitações das novas tecnologias, podem buscar usá-las como um catalisador para inovação e eficiência, desenvolvendo, como Organa e Sus22 colocam, uma mentalidade inovadora e criativa para liderar a transformação.

No entanto, é importante lembrar que a IA apresenta desafios e oportunidades, especialmente na educação. Os líderes educacionais devem abordar as implicações éticas das plataformas de aprendizagem baseadas em IA e garantir que, ao usar essas ferramentas para personalizar a educação, também protejam a segurança e a privacidade de alunos, professores e funcionários. Essa integração bem planejada de novas tecnologias na educação pode promover ambientes de aprendizagem mais inclusivos e equitativos que atendam às diversas necessidades de alunos e educadores.

Para alcançar bons resultados, a transformação digital deve ser uma prioridade estratégica, argumentam McCarthy, Sammon e Alhassan,23 e a mentalidade organizacional deve mudar e se adaptar de acordo. Organa e Sus24 afirmam que os líderes que adotaram essa visão devem impulsionar inovações tecnológicas, promover a participação dos funcionários e minimizar a resistência. Os líderes da era da IA ​​devem se comprometer com o aprendizado ao longo da vida e adotar uma mentalidade de inovação à medida que a tecnologia continua a remodelar o mundo. Eles devem buscar ativamente conhecimento sobre tendências e aplicações emergentes de IA, garantindo que suas estratégias de liderança permaneçam ágeis e adaptáveis.

Desenvolver uma cultura organizacional predisposta à integração de novas tecnologias digitais é um aspecto fundamental para instituições que desejam alavancar as oportunidades desta era de rápido desenvolvimento.25 De acordo com Sleemat,26 os rápidos avanços tecnológicos têm o potencial de transformar o fornecimento e o acesso à educação. Os líderes educacionais precisam defender a integração da tecnologia nos processos de ensino e aprendizagem.

Conclusão

Ao longo deste artigo, exploramos alguns dos desafios e oportunidades enfrentados pela educação adventista no norte da Ásia. Dos desafios da liderança educacional às oportunidades fornecidas pela diversidade cultural e avanços tecnológicos, fica claro que a educação adventista tem uma missão abrangente: promover o desenvolvimento físico, mental, espiritual e social dos alunos,27 moldando cidadãos conscientes e engajados, capacitados para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo e, simultaneamente, preparando-os, pela graça de Cristo, para receber a cidadania celestial.

Líderes educacionais adventistas navegam em um mar de mudanças constantes, o que exige que eles adquiram uma compreensão profunda do contexto do século 21 e habilidades para liderar de forma autêntica, transformadora e intercultural. Eles são desafiados a integrar efetivamente novas tecnologias, como a inteligência artificial, enquanto permanecem fiéis aos valores cristãos e à missão educacional adventista.

Apesar dos desafios envolvendo instituições educacionais adventistas no norte da Ásia e das dificuldades vivenciadas por muitos que vivem dentro da Janela 10/40, as oportunidades não faltam. A diversidade cultural fornece espaço para inovação pedagógica e a criação de ambientes de aprendizagem significativos, a expansão de avanços tecnológicos e educação mais acessível e inclusiva.

Líderes adventistas são chamados para servir. Eles são chamados para modelar seu serviço segundo Jesus Cristo, que liderou Seus seguidores com integridade, humildade e um compromisso inabalável com a missão. Nessa região de oportunidades, a educação adventista pode ser um farol de esperança para milhões de pessoas. Ela tem o potencial de ser uma força transformadora não apenas para hoje, mas também na preparação de pessoas para o reino eterno de Deus, onde “toda faculdade se desenvolverá, e toda capacidade aumentará. Os maiores empreendimentos serão levados avante, as mais altas aspirações realizadas, as maiores ambições satisfeitas. E, todavia, surgirão novas culminâncias a galgar, novas maravilhas a admirar, novas verdades a compreender, novos assuntos a apelar para as forças do corpo, espírito e alma.”28


Este artigo foi revisado por pares.

Edgard Leonel Luz, MEd, é o diretor de Educação da Divisão Pacífico Norte Asiático da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Gyeonggi-do, República da Coreia. Ministro ordenado da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ele atuou em várias funções administrativas, editoriais e de ensino em toda a Divisão Sul-Americana e também no setor público. Ele é bacharel em Língua Portuguesa (Universidade Adventista do Brasil, São Paulo, Brasil) e Mestre em Liderança (Universidade Andrews, Berrien Springs, Estados Unidos), além de ter várias outras certificações. Atualmente, está concluindo um doutorado em Multimídia na Educação (Universidade de Aveiro, Portugal).

NOTAS E REFERÊNCIAS

  1. Ronald E. Riggio and Toby Newstead, “Crisis Leadership,” Annual Review of Organizational Psychology and Organizational Behavior 10 (January 2023): 201-224. https://doi.org/10.1146/annurev-orgpsych-120920-044838.
  2. Neste artigo, “norte da Ásia” se refere aos países incluídos na Divisão Pacífico Norte Asiático da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Esta Divisão é composta por Bangladesh, República Popular Democrática da Coreia, Japão, Mongólia, Nepal, Paquistão, República da Coreia, Sri Lanka e Taiwan. Para mais informações, ver: https://www.adventist.org/world-church/northern-asia-pacific/.
  3. A “Janela 10/40” é comumente conhecida como uma área retangular de 10 graus e 40 graus de latitude norte; alguns também se referem a ela como o “Cinturão Resistente”. Esta área inclui países do Norte da África, Oriente Médio e Ásia. O evangelho de Jesus Cristo ainda não alcançou milhões nessa região do mundo. Dentro da Divisão Pacífico Norte Asiático, 8% são cristãos, e os 92% restantes são budistas, xintoístas, muçulmanos, xamãs e ateus. Para mais informações, ver: https://gm.adventistmission.org/the-1040-window e https://joshuaproject.net/resources/articles/10_40_window.
  4. Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã https://cdn.centrowhite.org.br/home/uploads/2022/11/Fundamentos-da-Educacao-Crista.pdf, p. 142.
  5. Riggio and Newstead, “Crisis Leadership.”
  6. Mohammad Abdallah Ismael Al Sleemat, “Leadership in Education Management,” International Journal of Health Sciences 6:S6 (jun. 2022): 8, 794–8, 803. https://doi.org/10.53730/ijhs.v6ns6.12348.
  7. Ibid.
  8. Michal Organa and Aleksandra Sus, “Leadership 4.0. New Definition and Distinguishing Features,” Procedia Computer Science 225 (2023): 3,701–3,709. https://doi.org/10.1016/j.procs.2023.10.365.
  9. Lennart Poetz and Judith Volmer, “What Does Leadership Do to the Leader? Using a Pattern-oriented Approach to Investigate the Association Between Daily Leadership Profiles and Daily Leader Well-Being,” Journal of Business and Psychology (2024). https://doi.org/10.1007/s10869-024-09939-6.
  10. Connie Deng et al., “Transformational Leadership Effectiveness: An Evidence-based Primer,” Human Resource Development International 26:5 (2023): 627–641. https://doi.org/10.1080/13678868.2022.2135938.
  11. Ibid.
  12. Poetz and Volmer, “What Does Leadership Do to the Leader?”; “What Is Charisma?” Skills You Need (2024): https://www.skillsyouneed.com/ips/charisma.html#:~:text=Being%20charismatic%20involves%20communicating%20dynamically,respect%20and%20trust%20of%20others.
  13. Escritório de Educação da Divisão Norte-Americana, “Perguntas Frequentes”: https://v1.adventisteducation.org/faq.html.  
  14. Sleemat, “Leadership in Education Management.”
  15. Robert C. Liden et al., “Servant Leadership: Development of a Multidimensional Measure and Multi-level Assessment,” Leadership Quarterly 19:2 (2008): 161–177. https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2008.01.006.
  16. Addisu Debalkie Demissie, Abebe Ejigu Alemu, and Assefa Tsegay Tensay, “Servant Leadership and Organizational Citizenship Behavior: The Mediating Role of Perceived Organizational Politics and the Moderating Role of Political Skill in Public Service Organizations,” Employee Responsibilities and Rights Journal (2024). https://doi.org/10.1007/s10672-023-09486-x.
  17. Senem Nart et al., “The Relationship of Diversity Management and Servant Leadership with Organizational Identification and Creativity in Multinational Enterprises.” Finans Politik & Ekonomik Yorumlar 55:637 (2018): 31–47: https://dergipark.org.tr/en/pub/fpeyd/issue/47986/607066; Allan Lee et al., “Servant Leadership: A Meta-analytic Examination of Incremental Contribution, Moderation, and Mediation,” Journal of Occupational and Organizational Psychology 93:1 (2020): 1–44. https://doi.org/10.1111/joop.12265; Deng et al., “Transformational Leadership Effectiveness: An Evidence-based Primer”; Organa and Sus, “Leadership 4.0. New Definition and Distinguishing Features.”
  18. Lee et al., “Servant Leadership: A Meta-Analytic Examination of Incremental Contribution, Moderation, and Mediation.”
  19. Demissie, Alemu, and Tensay, “Servant Leadership and Organizational Citizenship Behavior.
  20. Liden et al., “Servant Leadership: Development of a Multidimensional Measure and Multi-level Assessment.”
  21. Patrick McCarthy, David Sammon, and Ibrahim Alhassan, “Digital Transformation Leadership Characteristics: A Literature Analysis,” Journal of Decision Systems 32:1 (2022): 79–109. https://doi.org/10.1080/12460125.2021.1908934.
  22. Organa and Sus, “Leadership 4.0. New Definition and Distinguishing Features.”
  23. McCarthy, Sammon, and Alhassan, “Digital Transformation Leadership Characteristics: A Literature Analysis.”
  24. Organa and Sus, “Leadership 4.0. New Definition and Distinguishing Features.”
  25. McCarthy, Sammon, and Alhassan, “Digital Transformation Leadership Characteristics: A Literature Analysis.”
  26. Sleemat, “Leadership in Education Management.”
  27. Ellen G. White, Educação (Tatuí, São Paulo.: Casa Publicadora Brasileira, 2003), p. 13.
  28. Ibid., 307.