Meu professor da 1ª série foi o Sr. Díaz. Já que eu havia crescido sem a figura de um pai, ele se tornou a referência do que todos os meninos veem em seus pais. É uma pena que ninguém tenha tirado uma foto do meu rosto naqueles momentos de aprendizagem, pois eu me imagino com a boca entreaberta, os olhos fixos e uma respiração calma e consistente. O Sr. Díaz tinha uma caligrafia impecável e fazia belos desenhos. Ele nos ensinava a cantar com gestos significativos e, acima de tudo, ele nos contava histórias fascinantes. Ah, aquelas histórias nos faziam esquecer que éramos inquietos e desobedientes e nos levavam para um mundo de maravilhas onde o tempo passava rapida-mente. Eu não sei onde ele conseguia tantas histórias interessantes, todas com uma aplicação moral.
Ele teve centenas de alunos ao longo de sua vida profissional, e acho que todos deixaram sua sala de aula com o sabor doce de ter aprendido cercados por paciência e motivação. Para mim, o Sr. Díaz era o protótipo de professor da primeira série. Ele não só nos ensinou a ler e escrever, mas também a ser organizados, mostrar respeito, ter paciência, valorizar a obediência e ser menos egoístas do que por natureza já éramos. Além de nos ensinar as lições do programa escolar, ele nutria nosso caráter e nos ensinava acerca das relações inter-pessoais e de moralidade.
Como professores, é nosso desafio plantar sementes, boas sementes, como as do Sr. Díaz e de muitos e muitos professores abnegados e comprometidos com a missão da educação. Plantar a semente, esse é o desafio. Não cabe a nós fazer a semente crescer, nem fazê-la frutificar. Na verdade, parece inevitável que algumas sementes não produzam frutos. Diz o Evangelho que, dependendo de onde cai, a semente pode se perder: ser comida por aves, queimada pelo sol, privada do solo por causa das rochas ou ser sufocada pelos espinhos. Mas a Palavra inspirada diz que “outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu, produzindo a trinta, a sessenta e a cem por um” (Marcos 4: 8).
Sob uma perspectiva diferente, a da Revista Educação Adventista, continuamos a semear com a esperança de que a semente frutifique. Confiamos que, quanto mais boas sementes caírem em boa terra, melhor será para nossos leitores a fim de reforçar seus recursos e promover a aprendizagem, não só a acadêmica, mas também a do caráter, para que os alunos se tornem cidadãos do Reino.
Este ano, estamos trazendo uma importante alteração na Revista: a divulgação on-line de seu conteúdo. Isso vai tornar sua distribuição mais dinâmica, vai reduzir as despesas e levar uma mensagem mais eficaz para as gerações mais novas de professores. Essa modalidade permite, ainda, um maior número de artigos nas edições internacionais para que os leitores possam contar com uma variedade mais rica de recursos educacionais a serem aplicados às suas tarefas de ensino.
Devemos, também, anunciar outra mudança: a saída de nosso editor associado a cargo das edições inter-nacionais em Espanhol, Francês e Português: Dr. Luís Schulz. Depois de 44 anos de serviço em prol da educação adventista, ele está a caminho de sua aposentadoria. Que esta primeira coluna editorial seja uma mensagem sincera e afetuosa de reconhecimento e apreço ao Dr. Schulz pelos 10 anos de serviço para a Revista Educação Adventista.
O Dr. Schulz plantou muitas sementes, boas sementes. Que o Senhor abençoe aqueles que se desenvolveram como resultado dessa época de plantio. E que Deus abençoe o Dr. Schulz nos próximos anos. Sua influência foi crucial, e ela vai, sem dúvida, continuar a ser uma bênção para muitas pessoas que ele ainda vai alcançar e tocar no futuro. Obrigado, Dr. Schulz, por sua dedicação, perseverança e esforços em favor da educação cristã.
Por último, continuo com a responsabilidade de editor associado. Espero ser útil nessa tarefa e peço que Deus guie a minha influência sobre estas páginas para que elas possam se tornar ferramentas válidas para cada um de nossos leitores.
Citação recomendada:
Julián Melgosa, “Editorial,” Revista Educação Adventista 38:1 (Número 38, 2016). Disponível em https://www.journalofadventisteducation.org/pt/editorial.