Em uma viagem para levantamento de fatos, em 2005, a Sabah, Malásia Oriental, três colegas e eu, que também estavam oferecendo serviços, livros e outros materiais de ensino para as escolas primárias adventistas do sétimo dia, descobrimos que os professores queriam fantoches e scripts para usar no ensino de inglês para seus alunos, já que todos falavam Dusun e Bahasa na Malásia. Quando retornei ao Walla Walla College (hoje Walla Walla University), em College Place, Washington, Estados Unidos, pesquisei a literatura para ver que tipo de crescimento na linguagem estava associado ao uso de fantoches e roteiros, descobrindo que um número modesto de estudos havia sido feito, os quais relatavam efeitos positivos em termos de eficácia. O primeiro estudo da lista não lidou diretamente com fantoches, mas se tornou um estudo seminal para mim sobre a utilidade de closed caption para alunos do 7º e 8º anos que aprendiam inglês (ELL).1 Mais tarde, usei os resultados do estudo com closed caption para vinculá-lo à ideia de alunos ELL ouvindo os roteiros de fantoches gravados em áudio enquanto liam esses roteiros escritos.
Já ciente do metaestudo inovador feito com mais de 100 mil relatórios de pesquisa em leitura do National Reading Panel (Painel Nacional de Leitura), de 2000,2 e da importância da construção da fluência através da releitura (as sugestões eram canto, teatro de leitores e leituras cronometradas) com a participação em apresentações da Associação Internacional de Leitura pelos membros do Painel Nacional de Leitura (S. Jay Samuels, Tim Rasinski, Sally Shaywitz etc.), eu sintetizei essas descobertas com minhas próprias experiências no ensino do inglês como segunda língua (ESL) no Estado de Washington, bem como na Samoa Americana; e inglês como língua estrangeira (EFL) na China continental. Sabendo do trabalho de Samuels e Farstrup3 e de outros em que a fluência é em grande parte produto de um vocabulário ativo e crescente, que é essencial para a compreensão da leitura, e que leituras repetidas são úteis na construção de fluência, eu tive a ideia de ter alunos lendo os scripts de fantoches em voz alta várias vezes enquanto eles ensaiavam para uma apresentação subsequente a colegas ou membros da comunidade, dando, assim, propósito a cada criança ao fazer essas leituras repetidas. Mais tarde, esse propósito também incluiu gravar em vídeo o ensaio final para um “local” mais permanente.
Eu então planejei e implementei um estudo piloto em 2006 com alunos do 4º ao 6º anos, na Wild Mango School (o nome foi mudado), em Sabah, Malásia, uma pequena escola na montanha, sem eletricidade, mas com vistas deslumbrantes e oportunidades invejáveis para a solitude. Era o tipo de lugar onde a cobra cuspideira negra, naja sumatrana, vinha e ia como bem entendia, inclusive sob a janela dos aposentos do meu professor.4
Após o pré e pós-testes usando a Woodcock Diagnostic Reading Battery (WDRB) (Bateria de Leitura Diagnóstica Woodcock, 1997), usamos fantoches realistas e enredos envolventes baseados em informações impressas e em formato de fita k-7 para determinar se isso seria capaz de aumentar a compreensão de leitura e as habilidades de vocabulário em inglês das escolhas aleatórias de alunos do 4º ao 6º anos, em contraste com um grupo de controle que fez apenas artesanato (com instruções dadas em inglês) ou ouviu histórias lidas em inglês. O grupo experimental, que gastou tempo praticando individualmente seus roteiros comigo e ouvindo o roteiro lido em inglês enquanto seguia o roteiro impresso, obteve ganhos empolgantes; enquanto o grupo de controle, que passou a mesma quantidade de tempo individual comigo, ouvindo histórias lidas em inglês e fazendo artesanato seguindo instruções faladas em inglês, permaneceu na mesma média do pré-teste ao pós-teste. Um breve relatório sobre esta pesquisa foi publicado em 2010, no The Journal of Adventist Education.5
Em 2008, voltei a Sabah para fazer um estudo de acompanhamento na Escola Primária de Riverside (o nome foi mudado), da fama de Jungle Thorn,6 novamente com alunos do 4º ao 6º anos (escolhidos pelo mesmo critério, porque seu nível de inglês tendia a ser dois graus abaixo do que o dos falantes de inglês como primeira língua e da mesma idade nos Estados Unidos). Dessa vez, por causa do forte interesse dos professores e alunos e de um ambiente escolar muito maior do que o do estudo anterior, tive cinco grupos experimentais diferentes fazendo fantoches e roteiros, cada um com quatro ensaios ao vivo e uma apresentação. Por causa do espaço limitado e de nenhuma outra supervisão de um adulto, tive os grupos de artesanato fazendo adereços para as peças de teatro de fantoches na mesma sala, ao mesmo tempo que os ensaios ao vivo. Um resultado não intencional da pesquisa foi que as crianças dos grupos de artesanato/adereços ouviram todos os ensaios.
A análise dos dados do pós-teste mostrou que os alunos que tinham feito artesanato/adereços enquanto ouviam os ensaios mostraram mais melhorias na compreensão e vocabulário de leitura em inglês do que qualquer um dos marionetistas (que também melhoraram). Esta foi uma reviravolta muito interessante que exigiu mais pesquisas.
Quando apresentei esses dados na Universidade da Malásia-Kota Kinabalu, em fevereiro de 2009, consegui retornar à Escola Primária de Riverside para atualizar o corpo docente e a administração sobre minha pesquisa, bem como explorar oportunidades de continuar estudando. Voltei a trazer livros e materiais de artesanato para acrescentar aos que eu havia deixado com a escola no final de cada visita anterior.
Durante o trimestre de inverno de 2013, quando eu estava em período sabático, tive o privilégio de voltar a Sabah, dessa vez com planos mais ambiciosos, bem como com a assistência da pesquisa especializada de uma estudante de mestrado da Universidade de Walla Walla, Jeannine Bennett. Nós conduziríamos pesquisas adicionais com alunos do 4º ao 6º anos na mesma escola de 2008, ou seja, na Escola Primária de Riverside. Eu havia encontrado estudos adicionais que sustentavam minhas primeiras perguntas de pesquisa sobre a eficácia do uso de fantoches para construir vocabulário e compreensão,7 bem como mais trabalhos de Samuels e Farstrup sobre o valor de leituras repetidas para aumentar a fluência e compreensão.8 Como um gesto de agradecimento à escola por me receber, eu fiz uma apresentação docente no mesmo campus para os professores da escola básica e outra para todos os professores adventistas da escola primária em Sabah.9
Para o programa de pesquisa, a Sra. Bennett e eu escrevemos roteiros originais para fantoches, baseados na flora e fauna de Sabah; criamos ou compramos fantoches realistas (incluindo um sapo e um rinoceronte) com os quais as crianças puderam se relacionar; e planejamos artesanatos que se tornariam adereços realistas para as peças dos fantoches. Este artigo apresentará primeiro o cenário e os participantes e apresentará brevemente as descobertas da pesquisa sabática de 2013, seguidas por implicações para os professores de alunos de ELL.
Configuração e participantes
A Escola Primária de Riverside é uma instituição educacional privada que atende crianças adventistas do sétimo dia de Sabah há mais de 80 anos. Ela está situada em um belo cenário com vista para o Monte Kinabalu, emoldurado por árvores floridas e frutíferas. A escola tem 10 salas de aula, cada uma delas grande e bem ventilada. Em contraste com a Wild Mango School, ela tem muitas conveniências. A dedicação dos professores e da administração é exemplar. As crianças, amigáveis e corteses, pareciam entusiasmadas com a aprendizagem. Embora muitos dos alunos mais velhos fossem bastante versados em inglês, a maioria dos mais jovens tendia a se conter, embora alguns se aventurassem com um corajoso “hello” antes de fugir com um sorriso.
Os professores me disseram que todos esses alunos tinham acesso a televisão. Alguns deles tinham telefones celulares, e eu poderia dizer a partir de nossas conversas que outras tecnologias como a internet também estavam disponíveis para alguns deles. Muitos de seus pais falavam inglês, o que significava que essas crianças privilegiadas provavelmente dominavam três idiomas, pelo menos: o Dusun, como língua tribal; Bahasa Malásia, como língua nacional, e o inglês. Outros não tinham o inglês falado ou lido em casa. Os professores da Escola Primária de Riverside diziam que ter pais que falassem inglês nem sempre dava aos alunos uma melhor chance de compreender o inglês durante a leitura e que ler bem o idioma nacional não necessariamente se alinhava com a leitura eficiente do inglês.
Opções de avaliação
Como não houve nenhum teste padronizado para alfabetização em inglês aplicado aos alunos de Sabah (a escola em si não teve nenhum teste comum usado por todos os professores), usei novamente a Woodcock Diagnostic Reading Battery (Bateria de Leitura Diagnóstica Woodcock) para estabelecer uma linha de base tanto experimental quanto de controle de grupos e administrar pós-testes, depois de usar fantoches e roteiros. Eu tinha preocupações com os aspectos culturais. Por exemplo, ao examinar uma ilustração no teste, até eu, falante nativa de inglês, não sabia dizer que o desenho deveria representar um chapéu [hat] (exceto que eu sabia que deveria rimar com gato [cat], o que os estudantes obviamente não descobriram, já que todos eles erraram). Outro problema foi que o teste usou palavras e frases, mas não textos sustentados, de modo que faltavam dados analisáveis sobre importantes processos de leitura, como o reconhecimento de termos de vocabulário conhecidos embutidos no texto, taxas de fluência e compreensão baseada em pistas contextuais. No entanto, as informações coletadas dos pré e pós-testes estabeleceram comparações úteis com os dois resultados do estudo anterior. O teste de labirinto chamado de Indicadores Dinâmicos de Habilidades Linguísticas Básicas (Dynamic Indicators of Basic Early Language Skills, DIBELS Daze, atualmente renomeado como DIBELS Maze) também foi incorporado nesta pesquisa de 2013. Achei útil medir o conhecimento sintático em uma frase em que o aluno deve escolher qual das três palavras faz sentido ali.
Pergunta de pesquisa e algumas respostas
A pergunta geral da pesquisa foi: “Dentre os 93 estudantes do 4º ao 6º anos que frequentam a Escola Primária Riverside, qual grupo de tratamento escolhido aleatoriamente melhorará mais sua compreensão de leitura: utilizando fantoches, adereços ou roteiros informativos?” Somente crianças que poderiam obter permissão assinada pelos pais foram autorizadas a participar da pesquisa, portanto, o número final de participantes foi de 55, muito aquém dos 75 desejados. O crescimento da compreensão de leitura dos alunos foi medido através da comparação do pré-teste e pós-teste dos Grupos de Testes da Bateria de Leitura Diagnóstica Woodcock.
De acordo com o desejo do diretor, todos os alunos do 4º ao 6º anos (primários 4, 5 e 6) foram pré-testados individualmente com os Grupos de Testes da Bateria de Leitura Diagnóstica Woodcock após o qual aqueles que trouxeram permissão assinada pelos pais foram aleatoriamente designados para um dos três grupos: artesanato (C, craft), artesanato com ensaio (CWR, crafts with rehearsal), roteiro de fantoche no. 1 ou roteiro de fantoche no. 2 (ambos apelidados de “ensaio” ou apenas “R”, rehearsal). Depois que os alunos foram aleatoriamente designados para as várias partes em cada um dos roteiros (R) e um número correspondente de alunos foi colocado em cada um dos outros dois grupos (C ou CWR), os restantes 33 com documentos de permissão dos pais foram aleatoriamente colocados em três grupos do teatro de leitores, usando um roteiro habilmente escrito e que fora comprado sobre o tema dos sapos e seus números decrescentes. A razão pela qual esse agrupamento foi feito é que não haveria mais tempo para ensaiar e produzir um vídeo com o resto dos alunos em outros grupos, mas as crianças estavam tão ansiosas para participar que não tínhamos coragem de dizer que elas deveriam voltar para suas rotinas regulares, enquanto alguns de seus pares foram autorizados a “representar” com fantoches e artesanatos. O diretor e os professores também estavam ansiosos para ver todos os alunos recebendo algum tipo de instrução em inglês, que era, como eles diziam, uma “mudança em relação à rotina habitual”.
Todos os alunos do 4º ao 6º anos também foram pré e pós-testados em grupos de sala de aula com o teste DIBELS Daze. No entanto, esses dados não estão incluídos na análise a seguir por dois motivos. Primeiro, essa avaliação foi particularmente difícil para alguns alunos entenderem devido ao contexto cultural da redação. Em segundo lugar, seguir as instruções dadas em inglês para grupos inteiros se mostrou intimidante para alguns dos alunos. Sendo de uma cultura cooperativa, vários deles se inclinaram para pedir ajuda a seus colegas durante o tempo de teste. Já que alguns desses comportamentos foram capturados e registrados nos testes dissertativos dos alunos que iniciaram as conversas sussurradas, os dados tiveram de ser invalidados até mesmo para aqueles que pararam de fazer a prova para atender os pedidos de aflição de seus colegas.
Todos os grupos, não importando as tarefas designadas, reuniram-se pelo mesmo período de tempo e foram expostos a aproximadamente a mesma quantidade de inglês, embora os aspectos receptivos versus expressivos de sua exposição à alfabetização em inglês variassem, dependendo de qual grupo os alunos haviam sido colocados, sendo que os grupos ensaio (R) e teatro de leitores usaram obviamente uma linguagem mais expressiva do que os grupos artesanato (C) ou artesanato com ensaio (CWR). Em outras palavras, os alunos tiveram de conversar mais para praticar os roteiros de fantoches e o teatro de leitores.
Os gráficos a seguir mostram alguns dados comparativos derivados da análise das notas do Grupo de Compreensão de Leitura do Diagnóstico Woodcoock, revelando a diferença entre pré-testes e pós-testes. Cada um é intitulado e rotulado com material explicativo, seguido de mais descrições abaixo do gráfico. Os dados são examinados, respectivamente, por nível da série, gênero e, em geral, por categoria de pesquisa.
Uma análise do gráfico anterior mostra que os alunos do Primário 4 (4º ano) no geral não ganharam em compreensão de leitura ou vocabulário em inglês ao participar do artesanato (C), mostrado em azul no gráfico, ou do teatro de leitores, mostrado em roxo no gráfico. Eles, junto com as outras turmas, melhoraram muito na compreensão de leitura através do artesanato com ensaio (CWR), mostrado em vermelho no gráfico. Embora todos os três grupos tenham ganhado em compreensão de leitura e vocabulário ao fazer as peças de fantoches, fica claro que a estratégia de ensaio (R), mostrada em verde no gráfico, não produziu maiores ganhos.
Os alunos do 5º ano realmente brilharam no artesanato com ensaio (CWR), um pouco menos no ensaio (R), e menos ainda no teatro de leitores. A estratégia artesanato sozinho (C), mostrada em azul, foi quase inútil para eles em termos de ganho em compreensão de leitura.
Embora os alunos do 6º ano não tenham ganhado tanto do ensaio (R) quanto os outros dois grupos, sem isso não haveria tantos ganhos no artesanato com ensaio (CWR), já que os alunos da CWR eram capazes de ouvir o inglês repetidamente ensaiado para a peça. Eles se saíram muito melhor do que as outras duas turmas com o grupo artesanato (C), que não ouviu nenhum ensaio, mas se reuniu com os pesquisadores que lhes deram instruções em inglês sobre como fazer certos acessórios para a peça. Os pesquisadores ficaram com eles o tempo todo para ajudar com dificuldades ou perguntas, exatamente a mesma proporção de tempo que todos os grupos receberam.
Para o próximo conjunto de dados (ver Gráfico 2), a análise revelou que os meninos melhoraram mais em artesanato (C), mostrado com a barra azul, enquanto a compreensão de leitura das meninas naquele grupo despencou. A partir das notas de observação e comentários, parecia que as meninas estavam muito contentes em fazer seu artesanato e conversar em sua língua nativa (Dusun), enquanto os meninos tendiam a pedir orientações, que eram dadas em inglês. Tenha em mente que esses eram grupos mistos de meninos e meninas, então havia exatamente a mesma oportunidade de interação em inglês para as meninas e para os meninos, uma vez que havia dois professores/pesquisadores falantes de inglês nativos naquela sala.
O artesanato (C) não foi avaliado em 2008, embora uma versão sua tenha sido usada no estudo de 2006 da Escola de Wild Mango com resultados sem crescimento. Naquela época, os artesanatos atribuídos a esse grupo não eram relacionados às peças de marionete que outros alunos/marionetistas estavam praticando fora do campo de visão e da audição dos que faziam artesanato.
O artesanato com ensaio (CWR), mostrado pela barra vermelha, foi o grupo de tratamento que mais ganhou em compreensão de leitura e vocabulário para meninos e meninas considerados juntamente. Isso seguiu as conclusões do estudo de 2008, embora naquela época o trabalho do aluno fosse medido por três diferentes conjuntos de instrumentos (DIBELS, Fluência de Leitura Oral e Fluência de Repetição. Já que os artesanatos tinham tudo a ver com adereços para as peças de fantoches, estar na mesma sala com os alunos que estavam ensaiando os roteiros de fantoches em inglês e ouvir os pesquisadores dando instruções e comentários em inglês parece ter fornecido orientação e prática suficientes para ouvir inglês sem o estresse de ter de ser o reprodutor do inglês oral (especialmente para os meninos).
As meninas se saíram um pouco melhor no grupo ensaio (R) e consideravelmente melhor no teatro de leitores do que os meninos. O teatro de leitores não havia sido usado em 2005 ou 2008, então não havia outros dados com os quais comparar. Farstrup e Samuels10 e outros acreditam que o coral de leitura do teatro de leitores pode aumentar a fluência no idioma de destino. As crianças leem os roteiros sem tentar memorizá-los (o que também foi o caso nos grupos ensaio (R)).
A partir da análise dos dados combinados, claramente o artesanato com ensaio (CWR) foi a estratégia que produziu os maiores ganhos em compreensão de leitura, medida pelos pré e pós-testes dos subensaios de Bateria de Leitura Diagnóstica Woodcock para compreensão de leitura. O ensaio (R) foi, no entanto, necessário para dar aos que fizeram artesanato (CWR) a oportunidade de ouvir inglês sem ser pressionado em termos de falar a língua-alvo. O fato de estarem usando as mãos para fazer adereços enquanto estavam imersos em uma atmosfera em que estavam cercados pela língua inglesa dos estudantes que ensaiavam, assim como dos pesquisadores, é reforçado pelas descobertas de Syed-Ahmad11 quando estudou as preferências de estilo de aprendizagem com um gupo um pouco mais idoso na mesma região. Ele descobriu que o uso de manipuladores nessa cultura era preferível ao material sendo apresentado apenas em uma modalidade visual ou auditiva.
Segue aqui uma evidência circunstancial (mobilizada pela autora) para construir habilidades em inglês enquanto se trabalhava com artesanato, ao mesmo tempo em que se ouviam os ensaios feitos em inglês (CWR): uma garota do 6º (Primário 6), do grupo CWR, após nos contar que o irmão do 5º ano (Primário 5), um dos marionetistas (R), estava doente e não poderia comparecer no dia em que filmaríamos os resultados, implorou: “Por favor, deixe-me ler a parte dele. Eu a conheço muito bem.” A única maneira que ela poderia ter aprendido era ouvindo a leitura do roteiro dele enquanto fazia artesanato durante o ensaio (CWR), já que não permitíamos que os alunos levassem seus roteiros para casa, a fim de garantir que todos os alunos tivessem recebido a mesma quantidade de tempo com o material. Além disso, em nenhum momento durante o trabalho de grupo os roteiros estavam nas mãos dos alunos do atesanato com ensaio (CWR).
Discussão e impacto potencial da pesquisa
Deve-se ter cautela ao tirar conclusões porque este foi um exemplo de conveniência baseado em salas de aula inteiras na escola anfitriã e, portanto, nenhuma generalização pode ser feita fora da população da qual a amostra foi retirada. No entanto, é de interesse que, com base na observação de intervalos de confiança não sobrepostos, tenha havido uma probabilidade de 95% de crescimento estatisticamente significativo na compreensão de leitura e no vocabulário de inglês de quatro estudantes neste estudo:
- uma garota do teatro de leitores do 4º ano (Primário 4) passou de 0,1 para o 1º percentual;
- um aluno do 5º ano (Primário 5) do artesanato com ensaio (CWR) passou de 0,1 para o percentual 3;
- uma menina do grupo de artesanato com ensaio (CWR) do 6º ano (Primário 6) passou do 50º para o 73º percentual; e
- uma menina no teatro de leitores passou do 31º para o 58º percentual.
Dos vários dados de pesquisa coletados dos alunos do 4º ao 6º anos do Sabah (Primários 4 a 6) por esta pesquisadora desde 2005, incluindo entrevistas com professores e notas de “comentários do observador” enquanto imerso nos estudos, o uso de fantoches aumentou a compreensão da leitura nas crianças testadas. O fantoche faz parte da cultura de Bornéu, do qual Sabah compõe a parte norte, e, a partir de entrevistas realizadas com professores em 2005, ficou claro que eles queriam que os bonecos fizessem parte do ensino de inglês para seus alunos.
Além de ser útil para aprender inglês (cujo ensino agora é incentivado pelo governo da Malásia), marionetes e roteiros são atraentes para as crianças. Quando entrevistados sobre sua opinião a respeito da pesquisa feita com bonecos em 2013, a equipe da Escola Primária de Riverside disseram que as crianças e os professores gostaram da mudança de rotina. Como não há nenhum teste padronizado de compreensão de leitura em inglês para estudantes de Sabah, os dados podem ser úteis para o pessoal da Escola Pimária de Riverside na determinação de como medir o crescimento na aquisição da linguagem, bem como envolver as crianças na aprendizagem do inglês.
Usando fantoches e roteiros na sala de aula
Como os professores de outras escolas adventistas do sétimo dia em todo o mundo podem usar os resultados deste estudo para confirmar seu próprio trabalho em sala de aula? Uma sugestão que inter-relacione a leitura, a escrita, a fala, a audição, a visualização e a representação visual (comunicando ideias através da arte, do drama e dos gráficos)12 é: os professores poderiam criar oficinas de redação e leitura (Reading Writing Workshops - RWW), como fiz com meus alunos de nível universitário, em que cada aluno primeiramente seleciona um fantoche realista do reino animal e depois realiza pesquisa (na biblioteca e on-line) para identificar um mínimo de sete fatos (a escolha é do professor em relação ao número) sobre aquela ave, mamífero, réptil ou inseto. Durante as sessões de RWW, as primeiras 10 semanas dos dois bimestres de duração, eles escrevem cartas em vários rascunhos para o professor explicando as coisas surpreendentes que encontraram. Esse processo é apoiado por revisões por pares (pelo menos quatro revisões por pares devem ser documentadas) e respostas individuais do professor. Esta carta bem elaborada e cuidadosamente revisada é então apresentada à classe em uma “cadeira do autor” especialmente criada (acesse https://wallawalla.edu/academics/libraries/curriculum-library/crafts/authors-chair/ para ver fotos de algumas das cadeiras regulares transformadas em cadeiras temáticas que meus alunos e eu fizemos e usamos para esse propósito).
Após a apresentação na “cadeira do autor”, os professores podem ajudar as crianças a fazer mais com suas cartas. Por exemplo, em iterações adicionais de RWW, a criança poderia aprender a transformar gradualmente essa carta em um roteiro de fantoches envolvente em um gênero que chamo de “narrativa híbrida e redação informativa de roteiro”. Isso significa que eles adicionam uma narrativa que incorpora configuração, enredo, personagens, diálogo e a necessidade de resolver um problema, mas há também maravilhosas gotas informativas (e algumas bombásticas) que o aluno vai descobrindo. No final de 10 semanas (que é o tempo que alunos universitários demoram para fazer isso com um RWW uma vez por semana), os roteiristas triunfantes podem encenar o teatro de fantoches para plateias compostas de colegas de classe, alunos do fundamental ao ensino médio (estudantes de inglês – ELL), pais e e apoiadores da igreja e/ou da comunidade.
Meus alunos estagiários, professores em formação e eu muitas vezes utilizamos roteiros de fantoches originais e animados para aulas de idiomas para crianças da Farm Labor Homes,13 onde os alunos entusiastas, todos ELLs, gostam de escrever seus próprios roteiros e apresentá-los ao público formado por colegas e pais. Um estudo formal com resultados de compreensão de leitura antes e depois é planejado para esse grupo.
O interesse que foi gerado à medida que apresentei esses dados a educadores na ativa e a professores em formação inicial parece indicar que o uso de fantoches e roteiros originais poderia servir a um propósito útil no ensino de alunos de inglês (ELLs). Isso é particularmente verdadeiro em lugares como o Sabah, onde a alternativa é muitas vezes um ensino de língua descontextualizado devido à falta de fontes acessíveis em inglês.
Este artigo foi revisado por pares.
Citação recomendada:
Tamara Dietrich Randolph, “Teatro de leitores na sala de aula: usando fantoches e scripts para melhorar a fluência na leitura,” Revista Educação Adventista 48:1 (Outubro–Dezembro, 2018). Disponível em https://www.journalofadventisteducation.org/pt/48.2018.5.
NOTAS E REFERÊNCIAS
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- Robert Stuebing e Robert Inger, A Field Guide to the Snakes of Borneo (Kota Kinabalu: Natural History Publications [Borneo], 1999).
- Tamara Randolph, “Enhancing Reading Comprehension: Sabah Schoolchildren Use Puppets and Scripts to Learn English,” The Journal of Adventist Education 72:3 (fevereiro/março de 2010):43-47.
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- Samuels e Farstrup, What Research Has to Say about Fluency Instruction.
- Em Sabah, as escolas fundamentais, que abrangem do 1º ao 6º anos, são chamadas de escolas “primárias”.
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- A Farm Labor Homes é uma comunidade habitacional de trabalhadores sazonais, muitos dos quais vivem lá o ano todo, que colhem vinhedos e plantações de cebola na região de Walla Walla, Washington, Estados Unidos.